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Foto do escritorProfessor Seráfico

GLO - de glória ou globalização?

O que dá pra rir dá pra chorar. Ou toda moeda tem dois lados. Assim pode ser vista a decretação do ato de Garantia da Lei e da Ordem, desde ontem em vigor no País. Desta vez, motivada pela insegurança que o tráfico de drogas faz pesar sobre a população. A pretensão de fazê-la viger em benefício de um golpe de estado afinal frustrado é um lado. o outro é convocar as forças armadas brasileiras, dentro dos limites constitucionais, para combater um negócio que tem construído fortunas e, igualmente, levado a dor e o luto a grande número de famílias. Durante o governo mesoclítico e mesozoico decorrente da destituição ilegal e imoral de Dilma Rousseff, os soldados brasileiros foram chamados a intervir nas favelas do Rio de Janeiro. O pretexto era a eliminação do tráfico, mesmo que se saiba não morar em algum morro fluminense qualquer dos chefões do (mau) negócio. A mal imaginada pacificação deu em nada, a não ser nas numerosas vidas perdidas. Todas elas, de pessoas humildes, trabalhadoras, inicialmente vítimas apenas das ações nefastas dos serviçais dos traficantes. Serviu, porém, para mostrar o tamanho da importância das bocas de fumo ou dos pontos em que as drogas são vendidas no varejo. Não é nos morros (ou comunidades, como se os chama agora)que estão os agentes do crime. Eles se incrustam nos ambientes mais finos, elegantes, às vezes até muito próximos dos gabinetes oficiais. Disso talvez saibam melhor as autoridades policiais de Sevilha, Espanha, desde que descobriram uns poucos quilos de droga acomodados em um avião da Força Aérea Brasileira. Pior, ainda, aeronave integrada à comitiva oficial do então Presidente da República. Agora, outros são os objetivos da intervenção desde ontem em vigor. Ela se destina a pelo menos dificultar a entrada de narcóticos no País, seja pela atuação do Exército nas fronteiras, seja pela ação da Marinha e Aeronáutica, no portos e aeroportos brasileiros. Há, evidente e compreensivelmente, ênfase na ação das Forças Armadas, de acordo com o histórico das ações dos traficantes e dos locais em que se acumulam os registros da ação criminosa. A sociedade muito espera das atividades e do poder de polícia atribuído às forças armadas nesta missão por todos considerada justa e necessária. Missão que, advirta-se, só será completamente cumprida, se as autoridades chegarem às milícias, cuja cumplicidade com o tráfico só a velhinha de Taubaté não reconhece. Sendo o tráfico um problema de âmbito global e não sendo das mais lisonjeiras a popularidade de nossas forças, pode ocorrer algum dos dois resultados: permanecer o tráfico com seu caráter planetário ou ser gloriosa a atuação de nossos soldados.

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