É de um respeitado economista, detentor do Nobel concedido por seus eminentes colegas em 1998, que leio: importam mais as pessoas que os negócios. Refiro-me ao indiano Amartya Sen, entrevistado pela Folha de São Paulo, faz poucos dias. O compatriota de Ghandi e Nehru vem-se dedicando a estudar a matéria de seu campo disciplinar, sob perspectiva à maioria de seus colegas inalcançável. Amartya talvez retoma os clássicos, que incluíram o sistema econômico e as relações nele abrangidas no amplo território das ciências ditas sociais - humanas como dizem outros. Para os adoradores de bezerros de ouro e pouco afeitos à diferença entre as espécies animais, o autor de UMA CASA NO MUNDO parecerá figura recém-chegada de outra galáxia ou apenas um esquerdopata ensandecido. Até se encontrará sentido na condenação das ideias de Amartya, tão distantes estão das que animam seus detratores, fundados todos em valores que, nem por estarem mais afinados
com o sistema preponderante, dão alguma importância às pessoas. Em resumo, é à ponderação entre o equilíbrio das contas e o bem-estar das pessoas que se dedica o Nobel de 1998. Quem sabe, tentando reavivar a memória dos que se pretendem seus colegas, com o registro de que toda Ciência é criada pelo Homem e para a sociedade humana. Em síntese: o serviço do conhecimento dirigido ao benefício das pessoas. Foi Luis Inácio Lula da Silva, sem diploma de Economia, mas com dezenas de manifestações de reconhecimento de importantes instituições mundo a fora, que trouxe de volta o tema: homens ou números, quais interessa primeiro preservar?
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