Galhofa e sabujice
- Professor Seráfico
- 16 de abr. de 2022
- 2 min de leitura
Já não se duvida de que o Brasil algum dia tenha sido tão humilhado, e não por palavras e atos de nações que poderíamos considerar inimigas. Tudo o que vem acontecendo e desperta o riso (quem sabe até o desprezo) da comunidade internacional é obra de brasileiros. Pior, ainda, quando os responsáveis pelas pilhérias a nós dirigidas são autoproclamados patriotas. Dia-a-dia vão-se conhecendo práticas incompatíveis até com nível baixo de dignidade e civilização cujos agentes ocupam postos destacados na hierarquia político-administrativa do País. Confundir o escritor húngaro Franz Kafka com uma peça da culinária árabe, como o fez um dos numerosos sinistros da (des)educação, comparado com as mais recentes façanhas, esvazia-se a ponto de não ser mais que motivo de leve chacota. Saber por ela mesma que uma das mais influentes auxiliares desse (des)governo mantinha conversas com Jesus, pendurada em galhos de uma goiabeira parece história de manicômio. Não se trata mais disso. A própria documentação oficial contém o registro das ações maléficas e desonestas, como se não se propalasse ser o Brasil uma república presidencialista, teoricamente organizada segundo a recomendação de Charles de Secondat, o barão de Montesquieu. Para completar, correspondente a um Estado democrático de Direito. Seria ilusão imaginar que o grupo que se assenhoreou do poder soubesse ao menos o que isso significa e qual a importância de suas respectivas funções. Daí a recorrência a práticas que a maioria dos países que se fazem respeitar há muito eliminou de seu cotidiano político. Isso não quer dizer inexistir um vínculo entre as novas (mas nem por isso puras e limpas) orientações e inspirações de outros países, e as que se vão impondo no Brasil. Experiências semelhantes vêm ocorrendo em todos os continentes, eis que o monopólio do poder mundial sabe escolher seus satélites e parceiros. Nosso diferencial está na forma desabusada e desdenhosa com que são tratados os cidadãos, de que resulta o gozo de privilégios por camadas específicas da população. O caso que envolve a aquisição, com dinheiro do contribuinte, de medicamentos e equipamentos destinados a vencer problemas absolutamente pessoais de membros das forças armadas é apenas um exemplo, e não inaugura os sórdidos registros. Outras coisas negadas à maioria da população já passaram pelo mesmo processo, sem que se tenha ouvido senão a resposta de sempre: durante 100 anos nada poderá ser dito sobre o assunto. Isso tem aumentado a velocidade com que a boa imagem de que o Brasil desfrutava no exterior vai sendo corroída. Velocidade igual à que piora a vida dos brasileiros. Mais grave, a elite econômica brasileira finge não saber próximo o dia em que faltarão adquirentes para os bens e serviços que ela produz. Aí, a submissão aos interesses dos de fora será a única alternativa. Quem nasceu para sabujo, de sabujo não passará.
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