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FUNAI e Antropologia*

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Orlando Sampaio Silva


Esse deve ser o atual presidente da FUNAI, certamente um general reformado.

Ele, sem saber, inconscientemente, sintetizou, em poucas palavras, a política para índios que é proposta por mações, positivistas, republicanos mações e positivistas, tal seja, uma política de extinção dos indígenas enquanto tal. É a política que vem sendo implementada há pouco mais de 500 anos, antes pelos colonizadores, inclusive, por Pombal, e pelos missionários católicos, depois só por estes com o apoio do Império, e, a partir de 1910, com o SPI do general (depois marechal) Cândido Rondon (um índio), como uma política oficial de Estado. As Constituições brasileiras têm procurado proteger essas coletividades enquanto indígenas, com suas identidades, culturas, organizações sociais, direito à terra, mas, na prática, foram raros os períodos em que a FUNAI (sucessora, na ditadura militar, do SPI) adotou uma política humanística com essas populações. Todos os dirigentes militares do SPI/FUNAI eram partidários da integração, assimilação/ incorporação dos índios à sociedade brasileira. Os militares, em geral, propugnam por essa política. Acham que eles integram o povo brasileiro e este é um só, com uma só língua e uma só cultura e nacionalidade. São contra a diversidade cultural de/em nosso povo, e acham um atentado e um risco à segurança nacional e à nossa soberania, os grupos indígenas terem direitos às terras em que vivem, ou seja, às Terras Indígenas. Eles acham que direitos específicos das populações indígenas se constituem em privilégios em meio ao povo brasileiro. Querem que eles deixem de ser considerados índios e que passem a trabalhar e produzir da mesma forma que o resta da população brasileira. Esta é uma das faces do genocídio dos povos indígenas no Brasil. “Indiazinhas casarem com pretinhos, e/ou com branquinhos” é a miscigenação e o “branqueamento” do povo brasileiro defendido pela direita, pelos nazifascistas, pelos integralistas em nosso país. Apagam-se as línguas indígenas, também. Estive em aldeias, onde era proibido falar a língua indígena! Obscurantismo, anticientificismo, desumanidade.

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* O autor deste comentário, à condição de tripulante assíduo, junta a de antropólogo, com vasto exercício docente, técnica e investigativa na área em que é doutor. Fala, portanto, com autoridade, mesmo sem galões.(Nota do editor).

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