José Alcimar de Oliveira*
"Vós sois a luz do mundo" (Jesus de Nazaré)
Segundo Goethe, na Doutrina das cores, a existência do olho deve-se à luz. As últimas palavras do grande filósofo e poeta teriam sido: "luz, mais luz".
Se não existisse a luz, o olho perderia sua função, mesmo que existisse. Quem olha, olha para o que está sob a luz. Seria possível explicar as cores a quem nasceu privado da visão ocular?
Mas há cegos e cegos, cegueiras e cegueiras. E a pior e mais obstinada de todas é a cegueira ideológica. A de quem, podendo, se recusa a ver.
Segundo Jesus de Nazaré, cabe a Satanás a paternidade da mentira. Mas há mentira maior do que a produzida pelas promessas satânicas do capital?
A despeito da luz, divina, natural ou social, multiplicam-se consciências cegas, obstinadamente cegas. E a pedagogia do capital, com sua didática (uma magna didactica, que excede a de Comenius) ideologicamente articulada, é a escola universal de produção da cegueira.
A marcha do capital (programática, insana e suicidária) nos conduz a todos, cegos ou não, ao abismo do que chamamos de civilização.
Mas a vingança final será a da natureza, como já antecipara o General (do Mouro de Trier) em sua Dialética da natureza. E a luz, se de natureza divina ou natural, sobreviverá aos escombros do mundo destruído pelo capital.
* José Alcimar de Oliveira é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, teólogo sem cátedra, base da ADUA-Seção Sindical e filho do cruzamento dos rios Solimões e Jaguaribe. Aos 05 de fevereiro do ano da virada de 2023.
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