Gostaria de dedicar este texto aos descendentes dos ocupantes originais desta imensa floresta tropical. Agradecer aos ancestrais das centenas de etnias pelo que nos têm ensinado, embora haja os que, por absoluta ignorância, quando não perversidade, lhes neguem a condição de sábios. Outros, porém, excluídos dos círculos em que as políticas públicas são elaboradas, pensam diferente. Estes estão nas universidades, nos institutos de pesquisa, nas salas de aula, nos laboratórios, nas organizações não-governamentais preocupadas com as gentes, seu habitat e seu futuro. Festejar o congraçamento entre os povos e aqueles que se dedicam a estudá-los e com eles aprender seria o mais agradável. Mas a hora não registra agrados motivadores. Ao contrário, segue em ritmo acelerado o processo de apagamento da história e da presença dos indígenas, permanentemente ameaçados pelos que deveriam protegê-los. Ao menos tirá-los de sua alça de mira. Ao invés de estimular a invasão das terras, dar a cobertura das armas aos invasores ou promover outros tipos de ofensa às comunidades indígenas, a indiferença das autoridades, por estranho que possa parecer, lhes causaria menor sofrimento e menores danos. Se não for para melhorar suas condições de vida (não apenas de sobrevivência, que é pouco!), que se poupem essas autoridades de continuar perseguição agressiva até ao trabalho de um de seus mais conhecidos camaradas, para quem morrer se preciso for, matar, nunca. A frase é atribuída ao marechal Cândido Rondon e não há na Amazônia quem a desconheça. Há, isto sim, e em número crescente, os que desejam sepultá-la, junto com as vitimas dos preconceitos que seu ódio alimenta.
Festa ou réquiem
Atualizado: 22 de abr. de 2022
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