Sempre que se fala em combater a desigualdade aparece quem, honesta ou desonestamente, lembre que nascemos desiguais. Por isso, deveremos manter tal situação, de que a distribuição da riqueza é o ápice do fenômeno. Sobretudo entre nós, nação onde a elite inspirada pelo mais abjeto egoísmo sempre acha forma de dizer que o valor mais alto é o dinheiro. E tudo o que ele pode comprar. Evidente que os defensores da igualdade, longe de imaginar possível superar as marcas do DNA herdado, referem-se à desigualdade produzida pelas relações humanas. Não está em jogo o homem enquanto animal, produto biológico, nada além disso. Mas a sociedade humana, produto dessas relações, será tanto mais propícia à justeza e justiça do adjetivo - humana -, quanto mais ela se mostrar capaz de buscar a igualdade. De resto, herança datada de pelo menos 333 anos, como se vê no lema da Revolução Burguesa - liberdade, igualdade e fraternidade. Os três últimos séculos, ao contrário, têm dado destaque à desigualdade, geradora de riqueza para uns poucos e fome e sofrimento para a grande maioria. É disso que nos dão conta as notícias diárias, aqui e alhures. O que têm pedido os defensores da humanidade - os outros, embora fazendo parte dela teriam muita dificuldade para mostrar-se humanos - é a garantia de oportunidade que a nenhum dos humanos deve ser negada. Como numa corrida de rua, todos iniciariam sua trajetória no mesmo ponto. Certamente, outros fatores que não os sociais, impediriam a conclusão da corrida, com todos tocando a fita final. Aí, não há como desconsiderar os fatores genéticos, como se sabe em grande medida interferentes na saúde das pessoas. Mas só eles podem ser admitidos, enquanto ainda não se conhece tudo quanto, trazido desde o berço, pode influenciar a vida das pessoas. Uns hão de viver mais, outros menos. Isso, porém, não autoriza nem dispensa a sociedade de tentar manter vivos todos os que dela fazem parte. É certo que haverá o dia em que todos estaremos mortos, uns mais cedo que outros; alguns devido a causas que são diferentes das que levaram os outros à morte. O importante é tentarmos reduzir as desigualdades que fazem com que muitos morram prematuramente, pela falta de oxigênio em um hospital ou a falta de comida no prato. Em especial, quando alguns se empanturram e sua doença decorre da gula, temperada pelo desprezo ao sofrimento alheio. Observe-se que a sociedade contemporânea sequer nos poupa de saber que alguns comem carne polvilhada de ouro, ao mesmo tempo em que outros chupam um osso descarnado. Se alguém acha isso um bom sinal, ou encontra qualquer - mais frágil que seja - justificativa, o mal é produzido pelo egoísta e a sociedade que o tolera e estimula. Por isso, não vejo vício ou defeito maior que o egoísmo. Por definição, ele representa tudo o que se opõe ao interesse e aos direitos do outro.
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