Assisti, na última segunda-feira, interessantes exposições do Ciclo de Estudos Estratégicos sobre a Amazônia, Sessão 2, com o apoio do Instituto AMSUR e o Colite Resistência Amazônica. Dois professores da UFAM (Marcelo Seráfico e Sidney Silva, dos departamentos de Ciências Sociais e Antropologia, respectivamente) foram os expositores. O primeiro falou dos aspectos humanos e ambientais do desenvolvimento da Amazônia, e seu colega tratou de território e imigração. Ambas as exposições denunciaram a inadequação das políticas públicas impostas à região, frequentemente sob a exclusão dos amazônidas dos debates e da elaboração dessas políticas. Os dois convergem, no que toca às consequências nocivas dessa prática sobre as populações. Muito poderia ser comentado neste ESPAÇO, pela riqueza das informações e a qualidade das propostas apresentadas. Pelos expositores e outros dos presentes que os interrogaram. De minha parte, dois aspectos ganharam destaque: o exotismo como é percebida a região, não apenas quanto às peculiaridades da natureza. Essa percepção, resultante das relações coloniais persistentes, tem prejudicado a região, e impedido o equacionamento de seus mais graves problemas. Outro ponto que chamou minha atenção tem a ver com o fluxo migratório que traz para a região, ora mais ora menos, expressivo número de migrantes. Nos casos mais recentes, haitianos e venezuelanos foram postos em destaque. Como se sabe, muitas das cidades amazônicas não foram mais que entrepostos de onde boa parte dos imigrantes foram exportados para outras regiões. A meu juízo, isso confere caráter de nomadismo aos migrantes, em fluxo continuo entre regiões do País. À busca de emprego é o móvel de sua transferência dentro do território nacional, sucessivas vezes. Os dois expositores - e os interrogadores também - reivindicaram a atenção para esses dois aspectos, a que empresto minha adesão.
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