Entulhos

A Medicina estabelece certos procedimentos interventores, para neutralizar ou extirpar a ação do que seus mais competentes profissionais chamam corpo estranho. Não é apenas no organismo humano que tais corpos se instalam, sempre que há oportunidade. Quase todos sabemos dos riscos de engolir uma espinha de peixe. E quanto o risco de o guloso morrer, se a necessária intervenção não ocorre. N tempo mais próximo possível. Se há alguma diferença entre a instalação desse corpo no organismo humano, tal diferença não se refere ao fato em si, mas à reação das vítimas e seus assistentes. As relações sociais também estão sujeitas a esse fenômeno, cabendo aos que dela tratam apontar os procedimentos eliminadores ou redutores dos riscos. Na sociedade, dever e responsabilidade de todo cidadão, afinal sempre vitimado pelas consequências da ação do intruso. Ainda agora, sabe-se estar a FAB sonegando informações que é direito de todo cidadão conhecer. A recusa, inexplicavelmente avalizada pela CGU, baseia-se em dispositivo incompatível com a Constituição de 1988, dita cidadã por Ulysses Guimarães. Um dos muitos entulhos autoritários que permanecem intocados e impedem a consolidação de uma democracia permanentemente desafiada e agressivamente contestada. Os atos terroristas de 08 de janeiro têm muito a ver com isso, até certo ponto alimento de hipóteses e suspeitas sobre a conduta das forças armadas nos crimes denunciados. Daí a necessidade da atenção que deve ser dada à opinião de ilustres juristas, a propósito da sobrevivência dos entulhos, depois da promulgação da Constituição de 1988. Para muitos dos juristas, a revogação de todo o entulho é automática. Concordo!