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Foto do escritorProfessor Seráfico

Entregues às baratas?

A guerra que alguns pensam restrita à Ucrânia e à Rússia tem peculiaridades que ainda precisam ser apreciadas. Uma delas repousa sobre a atribuição de caráter democrático (pior, exemplar!) ao sistema político norte-americano. A não ser que admitamos largo espectro a conter a democracia e distribuí-la em vários graus, é impossível qualificar como tal o sistema vigente nos Estados Unidos da América do Norte. Já disse, em texto anterior, quanto o autoritarismo (a contrafação da democracia) pode manifestar-se de formas variadas. Se em alguns países as armas impõem a vontade dos que as detêm (a Rússia pode ser o exemplo, mas não só ela), em outros é o capital quem dá as cartas. Aqui, não há como esquecer o figurino a que se ajusta o País de Joe Biden. O conflito entre os dois países da Europa Distante revela essa aparente dicotomia, desde que ultrapassada a guerra fria resultante de Yalta. A aparência refere-se ao papel de tutor do Mundo, que o desfazimento da União Soviética operou. Com isso, o imperialismo sentiu-se reestimulado em parte do Mundo; na outra parte, o desejo de voltar ao status quo anterior reacendeu propósitos que se pensava definitivamente superados. A diferença está em que o empenho em recuperar as perdas registradas durante a chamada guerra fria que sucedeu a Segunda Grande Guerra deixou o país-tutor da URSS provisoriamente afastado do cenário principal. Refazer a união dissolvida desde a destruição simbólica do muro de Berlim ocupava todo o tempo das lideranças russas. Até que, renunciando aos propósitos a que Kruschev pareceu o mais devotado e seguindo os caminhos traçados por Yeltsin e Gorbachev, o ex-agente da KGB Vladimir Putin inseriu de vez a Rússia no quadro capitalista. Não o mesmo tipo de capitalismo político vigente nos Estados Unidos da América do Norte, porque neste a prevalência é a do dinheiro, melhor se afastado o Estado de todo poder. Quando não controlado pelo capital. Lá, o capitalismo em que é o próprio Estado que subordina todos os demais interesses. Menos dinheiro, mais armas e poder ao Estado - sem omitir a forte influência de governantes corruptos e os aliados ubíquos, no setor empresarial. O segmento de comunicações, neste caso, tão poderoso quanto no outro. O teor imperialista da política dos dois litigantes, não dispensa a cooptação dos divergentes, até que se convença dessa impossibilidade. Aí, o dinheiro se vale das armas. Essa prática, contudo, não basta para inscrever o dirigente que a pratica como democrata. A expansão territorial ou política, portanto, continua a inspirar as nações que se pretendem donas do Mundo. É certo que na Europa o colonialismo ainda não de todo superado torna os chefes de Estado mais cautelosos. Seja porque perderam muito da força ostentada sobretudo depois das grandes navegações, seja porque as duas grandes guerras lhes levaram a sacrifício insuportável. Aprender pode ser uma virtude dos de lá. Ainda assim, o conflito atual os coloca em situação mais crítica que as das colônias situadas em outras regiões do Mundo, acima e abaixo do equador. A multidão de refugiados já começa a mexer com o cotidiano dos habitantes de todos os países, no começo os que foram seduzidos pelo governo norte-americano e seu braço armado no exterior, a OTAN. Se não entendermos a razão mais profunda desta, como de outras guerras que se tornam possíveis, dificilmente poderemos assegurar distante o momento em que a maioria dos habitantes do Planeta optará pela esperança de renascimento...como baratas.

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