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Empreendendo o caos

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Quando estiver totalmente esvaziado de conteúdo ético, o ato humano, qualquer ato, não poderá levar senão ao caos. A situação apocalíptica tão buscada por todas as formas de negacionismo. O ódio prevalecendo sobre o amor; a solidariedade cedendo lugar à mais feroz competição; a discriminação impondo-se à igualdade; a violência anulando qualquer tentativa de tolerância e fraternidade. Vários são os modos de chegar a essa realidade, cotidianamente cultivada, defendida, estimulada e administrada. Por desejada. Não que seja essa a aspiração da maioria dos habitantes do Planeta. Tal tragédia é explicada, porém, pela realidade a que chegamos, sob a regência dos interesses fundados naquilo que o bispo Basílio, da Antioquia, chamou o esterco do Mundo - o dinheiro. Ainda agora, manifestação ilustrativa da tragédia em que a cada dia mais se afundam as nações, ocorre a imposição de uma disciplina obrigatória para alunos da 6ª série do ensino público do Estado do Paraná. Lá, foi criada a disciplina Educação Financeira. O pretexto, como de costume, seria a preocupação com o mau uso dos recursos dos assalariados, aos quais a ideologia do mercado atribui culpa pelos próprios problemas enfrentados. Os que têm protestado contra esse mentalidade malsã em geral são os mesmos que acumulam cada dia maior do quinhão da riqueza nacional, ao mesmo tempo em que negam remuneração ao menos justa aos que para eles suam a camisa. Quando não derramam seu próprio sangue, se não morrem mortos pela fome. Mesmo sabendo dos males que isso causa à sociedade, nos curto, médio e longo prazos, os advogados da introdução de disciplinas de igual conteúdo, seja qual for a falácia que disseminam, exercem seu negacionismo ao nível do exagero. Fingem não saber da alta taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas cuja justificativa seria a geração de certo espírito empreendedor, uma falácia em si mesmo. Se tomarmos o Estado do Amazonas como ilustração dessa maldade planejada, não precisaríamos mais que ler em A Crítica do último sábado, sobre a extinção de empresas recém-criadas, nos dois últimos anos. Das mais de 42 delas criadas, desapareceram mais que 33%. Isso coloca o Amazonas como a terceira unidade da Federação, no ranque da mortalidade empresarial. No caso específico, vítima de um engodo a que não escaparam sequer muitos trabalhadores induzidos a abjetos programas de demissão voluntária. Estes, para satisfazer os interesses e o egoísmo do patronato, pode-se apostar incluídos nas milhões de famílias endividadas, de que o noticiário dá conta. O próprio conceito de humanidade é posto em causa, se compararmos os efeitos de programas como esses - ensino de Educação Financeira e práticas indevidamente chamadas de empreendedorismo - com as relações entre pessoas e animais inferiores. Neste caso, a captura dos cidadãos incautos reproduz a captura de qualquer outro animal, todos sob o risco de cair em armadilhas.

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