Morrer, se necessário for; matar, nunca mais. Essa frase, que sintetiza o pensamento e a ação do Marechal Cândido Rondon, parece esquecida pela maioria de seus sucessores na caserna. Se a palavra sucessores não é forçada, tamanha a distância entre a visão de Mundo/mundo do criador do Serviço de Proteção dos Índios e os que hoje ocupam e trabalham nos quartéis. Talvez por essa diferente circunstância, captei na cerimônia de posse de Sônia Guajajara, no Ministério dos Povos Tradicionais, expressiva e simbólica homenagem àquele digno e humano militar. Morto em 1958, Rondon deixa marcas na História do Brasil, caracterizadas por traços de personalidade que o tornaram distante, tanto dos profissionais das ciências exatas, quanto dos profissionais das armas. Engenheiro, foi dele o primeiro olhar conscientemente humano dirigido ao habitante original do País, seus costumes, sua vida, seu peculiar modo de relacionar-se com a natureza. Diferente também dos que fizeram da caserna seu lugar de trabalho, o militar matogrossense preferiu a função de pacificador que a de guerreiro. Essa a razão por que não se esperaria dele deixar-se trair pela errônea convicção de que o desejo de matar é o único que leva os jovens aos quartéis. Neste particular aspecto, Rondon foi poupado de assistir tal confissão de um colega de outra època, distante mais de meio sèculo da dele mesmo, protetor dos irmãos originários. Cabe agora à primeira ocupante do principal gabinete do MPO mostrar a possibilidade plena de cumprir e fazer cumprir a máxima que imortalizou o marechal nascido em Mato Grosso (1965)e morto no Rio de Janeiro, 93 anos depois.
Em honra de um militar
Atualizado: 15 de jan. de 2023
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