Compartilho com reservas da descrença em algum, qualquer que seja, benefício da crise. Pelo menos a longo prazo e segundo o que se entende pelo termo. Apostar todas as fichas no desequilíbrio equivaleria à negação do potencial que toda pessoa traz consigo. Algumas, desenvolvendo-as, ampliando-as. Em suma, admitir o ser humano como produto pronto e acabado. Refiro-me, a partir de agora, à discussão que vem ocorrendo sobre o chamado EAD – Ensino a distância, imposto pela covid-19. Identifico opiniões nem sempre resultantes da adequada percepção do problema, nem inspiradas por crenças, valores e objetivos em todo caso justificadas. Se entendemos o processo educativo como a mera transmissão de conhecimentos de que o educando não dispõe, a opinião é uma. Outra será a manifestação dos que privilegiam conduta e relação dialética e dialógica entre educador e educando. Se não nos detivermos na fácil confusão entre educação, instrução e adestramento, será quase nula a contribuição para o debate. Tentássemos compreender o papel dos envolvidos no processo social chamado educação, e tivéssemos claros os objetivos desse processo, o debate reduziria (sem a pretensão de eliminar completamente) os vícios a que está sujeito. Não me assustam nem surpreendem os que, deslumbrados pela tecnologia e a ela escravizados, ignoram as desvantagens e exaltam as vantagens do EAD. Alguns, mais por proposital ignorância que por demasiada sabedoria, deixam fora de consideração fatores sociais – equivale dizer humanos – essenciais não apenas ao aprendizado (?) em si mesmo, mas também aos que dele participam. Muita água ainda correrá, antes que da ponte se enxerguem caminhos capazes de superar nossas dúvidas e perplexidades. Não custa, porém, chamar a atenção para alguns aspectos que parecem negligenciados. O primeiro deles, segundo meu juízo, diz respeito ao que se entende por educação. Não havendo troca, mas depósito como o disse Paulo Freire em relação à transmissão pura e simples de conhecimento, haverá tudo, menos educação. O que o sábio de Angicos chamou educação "bancária". (Continua)
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O FATO É QUE OS MAIS RICOS FICARAM MAIS RICOS DURANTE ESSE PERÍODO PANDÊMICO. O RESTO NÃO IMPORTA PARA ELES