Do uso de máscaras

O senador Otto Alencar, do PSD baiano, iniciou o segundo dia do depoimento do ex-sinistro Eduardo Pazuello informando sobre o mal súbito que acometeu o depoente no dia anterior. Foi o representante da Bahia quem socorreu o eternamente subordinado do ex-capitão, orientando-o a ficar na posição que os sulistas chamam de ponta-cabeça. Alencar aproveitou para sutilmente lembrar ter atendido o improvisado paciente; pelo SUS, de graça. Pazuello, logo após confirmado na cabeça do MS, disse nada saber do Sistema Único de Saúde, quando era este o maior general em combate contra a covid-19. Talvez sugestionado pela imagem do ex-sinistro entrando em um shopping de Manaus sem a máscara recomendada pela Ciência, com voz pausada e calma, o senador da Bahia mostrou o exemplo da Arábia Saudita. Lá, disse Otto Alencar, dentre os mortos pelo vírus morreram 20% de mulheres. Simplesmente, porque de seus trajes cotidianos consta a máscara. Escapou, todavia, à observação do tranquilo médico que os eleitores baianos fizeram senador, o fato de que a maioria dos seus colegas e de grande parte das otoridades usa máscara. Sem ser de papel ou tecido de pano, o acessório está fixado à cara (gente assim não tem rosto) deles, o tempo todo, em todo lugar. Por isso a quase impossibilidade de vê-lo a olho nu. A máscara, como a pele, integra seu corpo, trazendo à luz do sol o produto dos hormônios gerados em glândulas e em circulação no mau sangue que os mantém vivos. Compreensível, portanto, que os mascarados dispensem a superposição, ainda que – talvez até por causa disso - possam contaminar toda uma população. Conhecida em todo o mundo em referência ao extermínio de índios nos filmes norte-americanos, a expressão eu quem, cara-pálida!? no Brasil pode ser traduzida como nós, quem, mascarado?