Santos de barro não nos têm faltado. Por isso, todo o cuidado posto no andor ainda será pouco. Veja-se o caso dos heróis de capa e espada que em conluio conduziram a Lava Jato de tão desagradável e suja memória. Tiveram todos os seus atos desmoralizados, pelo desprezo conferido ao devido processo legal. Convicções alheias aos autos e produzidas ao sabor dos interesses e ódios dos investigadores/julgadores hoje põem em risco o mandato de um, depois de o outro ter perdido o mandato. Neste caso, tudo segundo as leis e o pronunciamento da autoridade judiciária competente. Ainda não se sabe do destino de Moro, mas são favas contadas a cassação de seu sócio, Deltan Dalagnoll. Por causa da demasiada e abusiva importância dada à delação premiada, nem foi exigida do Ministro Dias Tofolli tanta competência assim. De sua mão terá vindo a pá de cal que sepultou a operação perversa e avessa ao ordenamento jurídico ignorado pela dupla. Sem que algum deles conseguisse pôr em suas próprias mãos a fortuna que seria da Petrobrás. Agora, há certo desejo social de que o ex-capitão excluído das forças armadas e depois tornado inelegível veja o sol quadrado. Há muitos motivos que, na visão dos cidadãos, justificariam a prisão do ex-Presidente, mas não ex-governante. Governar foi tarefa a que ele jamais se dedicou. Nos primeiros dias de seu (des)governo ele bem o disse: não se achava competente para fazê-lo. Talvez a única verdade saída de sua boca. Pois bem; ao quase clamor social decorrente das investigações promovidas pela Polícia Federal (que o excluído, das forças e das disputas eleitorais, tentou transformar em guarda pessoal), a expectativa popular dirige-se ao recolhimento do envolvido como promotor do terrorismo de 8 de janeiro, no tráfico de joias, nos crimes contra a saúde pública etc. à Papuda. Para os estudiosos do Direito e cidadãos que pretendem ver a Justiça impor-se à força, essa ainda é hipótese relativamente remota. Porque acreditam no devido processo legal (como não o fazia a dupla da república de Curitiba), alguns juristas (os que entendem de Direito, não porque cobram juros) se têm manifestado. Inclusive alguns ostensivamente adversários da barbárie e de seus promotores e executantes. Profissionais do Grupo Prerrogativas e o próprio advogado Kakay, longe de serem correligionários do ex-capitão, têm chamado a atenção para o curso das investigações e das consequências delas. Assim, e interpretando o devido processo legal como o único meio de fazer Justiça, buscam impedir a repetição da Lava Jato. Um desses juristas já disse não bastar uma delação premiada para incriminar ninguém. Os vínculos entre as provas colhidas e as alegações feitas é que dirão do destino do principal líder do golpismo. Antecedentes não faltam para pô-lo, sempre, sob suspeita. Fatos mais recentes apurados e divulgados só fazem aumentar as reservas que a maioria dos brasileiros têm a respeito de sua conduta. Decisões judiciais fundadas nas provas provadas, não apenas alegadas, é que devem orientar os julgadores. Sob pena de os culpados terem aliviada sua compreensível apreensão e seu inconfesso mas transparente medo. Depois, inclusive, que a raia miúda já vê o sol quadrado.
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