Sempre fui dos que se opuseram à autonomia do Banco Central. Sujeitando a Presidência da República e os demais poderes às determinações da autoridade financeira, logo vem a mente a pergunta: para que constituir três poderes, se no final das contas o sangue de que se nutrem toas as funções tem a torneira posta nas mãos de uma instituição bancária? Não podemos se tão exageradamente ingênuos, a ponto de admitir que essa verdadeira inversão de valores (sem trocadilho, por favor) só tem um beneficiário - o poder econômico. Não é outra a razão pela qual a maior parte do orçamento da União é destinada ao pagamento da dívida, não alimentação dos yanomami, para ficar apenas neste, que é a versão tupiniquim do holocausto. A conquista da autonomia do Banco Central só tem confirmado, ao longo do tempo, que se trata o torniquete econômico-financeiro usado em favor da banca, não dos brasileiros. Mesmo que para isso seja necessário cada dia tornar maior o sofrimento do povo, a miséria alastrando-se e sendo crescente a multidão dos que padecem de fome. Ainda agora, passado o período em que o exercício da mentira e a opção malsã por ela se fez instrumento de (des)governo, sabe-se de um dos maiores crimes praticados pelos dirigentes autônomos do Banco Central. Como todas as demais agências públicas que se deixaram envolver na necropolítica instalada desde 2019, à entidade inspirada pelos interesses e ideais dos rentistas coube maquilar números. Quanto mais terá feito o Banco Central, além da divulgação, em plena campanha eleitoral, de resultado comercial, falso. Não é a antiga oposição ao ex-capitão que o diz, mas o Chefe de Estatística do estabelecimento bancário quem o confessa. O superavit positivo de 13 bilhões de reais antes anunciado, depois da confissão de Fernando Rocha, na verdade é negativo, de 3.2 bilhões. Nada mais, nada menor que uma diferença maior que 15 bilhões. Quantos outros crimes (sim, não é possível que mentira de tal tamanho e de tal importância política e econômica seja algo legal e legítimo) terão sido cometidos, quando a regra era colocar o cobertor do sigilo sobre qualquer ação ou decisão claramente prejudicial à sociedade? Mascarados nem sempre conseguem manter a fantasia até o carnaval. Desta vez, com cerca de um mês de diferença, caíram as máscaras de que se nutrem os rentistas do País. E do Mundo.
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