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De onde esperar

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

O homem encontra justificativa para tudo. Até para a guerra, o paroxismo de qualquer excrescência, em qualquer sentido. Quanto à humanidade, ao egoísmo, à ambição, ao ódio - enfim, a quanta coisa mais, nada supera a guerra. Mesmo assim, há os que vivem dela e as produzem, estimulam e nelas agem. Risco maior é transformar essa manifestação da fera que há dentro dos homens, à espreita do melhor momento para pôr sua cara de fora, um fato natural. Não o é ! Nem se insista em dizer que há guerras santas, quase sempre servindo de exemplo as Cruzadas promovidas pela Igreja, faz séculos, em nome de Deus. Nem a promessa de que mil virgens serão servidas no além, aos que matam e morrem em nome de Alá. Admissível sua ocorrência, quando ao Homem faltavam conhecimentos e instrumentos capazes de satisfazer suas necessidades de animal superior, hoje as guerras - qualquer seja ela, tenham o pretexto que tiverem - desqualificam o que se tem chamado civilização. Mesmo assim, nem todos chegam a um nível de compreensão da sociedade capaz de lhes iluminar a janela de onde apreciam a vida dos animais presunçosos que somos. Daí a visão canhestra e pobre do cenário, em que a opinião dispensa conhecimento e razão e exalta preconceitos, ódios, ressentimentos, rancores e, sobretudo, a falta absoluta de compaixão. Essa, em grande medida, a razão de avançarem as ações bélicas, sem que avance o olhar dos comentaristas em direção que não exija apenas estreito beco, onde o sol não entra. Logo aparecem, como aparecido têm, as preferências: de um lado, os bravos e despropositados defensores do ditador russo; de outro, os fanáticos por tudo quanto procede dos auto-outorgados donos do Mundo. Embevecidos, os partidários de ambos os lados ignoram ou fingem ignorar o que os olhos descomprometidos logo enxergam. Para esses fanáticos, ponham-se no lado que escolheram, a OTAN assemelha-se a um convento habitado por virtuosos; ao governo norte-americano cabe mandar no Mundo; ao povo russo é reservado o dever de sofrer permanente ameaça de forças orientadas por outra nação. Os opositores satisfazem-se em apontar a letalidade do maior arsenal atômico sob o controle da Rússia e as possibilidades que isso abriria para assumir o poder de boa parte da Europa; Zelensky não seria mais que um traidor do povo judeu. Em meio a tudo isso, há quem exija solução diplomática, por certo a melhor forma de resolver pendências internacionais. A única alternativa ao uso de armas. Os que o fazem, todavia, apontam numa direção que se tem provado incompetente. Não é qualquer palpiteiro que o afirma, se não que as evidências históricas o revelam. Embutida nessa louvável tanto quanto ingênua proposta, percebe-se apostarem na ação do Conselho de Segurança da ONU. Sem qualquer referência às frequentes e inumeráveis manifestações de desobediência a resoluções desse órgão. Pergunte-se aos governantes de Israel se não é assim! Como sequer admitir ser boa a causa, quando a alternativa oferecida às dificuldades no abastecimento de combustível fornecido pela Rússia é trocar de fornecedor? Mais, ainda, quando a nação escolhida, a Arábia Saudita, mantém guerra de mais de uma década contra o Yemen. Resta, portanto, identificar de onde se pode esperar venha a luz que levará à melhor decisão.

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