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De inoportuno a necessário



A polarização política chegou a um tal ponto que se torna difícil imagina-la desaparecer tão facilmente. É justo reconhecer que muito dela é devido ao estilo do atual Presidente da República, apostador que põe todas as suas fichas na exacerbação dos ânimos e, se possível, na transgressão de toda e qualquer regra minimamente civilizada para a resolução de conflitos e do tratamento de divergências e diferenças. Não houve um só dia, desde 01 de janeiro de 2020,em que a conduta e a disposição do Presidente sugerisse ao menos ter ele compreensão do papel que lhe cabe como dirigente maior de uma país habitado por mais de 215 milhões de seres humanos. Ponha-se em dúvida, em primeiro lugar, seu razoável entendimento sobre esse ser complexo a que alguns – ele supostamente um – atribuem produto da criação e da criatividade de um ser superior. Outros o veem como a evolução de uma espécie que muitos pensam sempre ter evoluído, mas há fundadas suspeitas de que não é bem assim. Pelo menos com parte dos bilhões que se espalham por todo o Planeta. O fato é que deveremos nos preparar para o pior, já em 2022. O esforço dos governadores para levar o maior número possível de brasileiros a serem vacinados concorre para pôr em evidência a gravidade da situação. Quando eram menos os imunizados, maior era o medo do encontro nas ruas. Disso se vinham valendo o Presidente e seus democratas que odeiam o povo e desejam de preferência vê-lo enchendo as sepulturas. Vão, eles mesmos, tratando de espalhar o vírus, enquanto fortalecem suas forças, com a vantagem de poderem prover de cobertura os que se vêm armando. Esta, outra face do cenário, porque a beligerância está posta e nada indica que sofrerá freio ou recuo. Quando poderia ter sido posto o cabresto nas bestas-feras, isso não foi feito. A faca um dia esteve nas mãos do hoje chorão ex-Presidente da Câmara, sua adesão aos valores e políticas presidenciais evitando-o de fazê-lo. Não são apenas sinais, mas ameaças, o que diariamente se lê, ouve ou vê, sempre pela boca e pelas decisões do Planalto. Aparentemente questão de somenos, a suspeita infundada e sobejamente contraditada pela Justiça Eleitoral, da possibilidade de fraude na eleição presidencial diz mais da gravidade da situação. Nela está embutida, nem sempre com discrição, a promessa de reprimir à bala as manifestações que se seguirão à tentativa de anular a livre manifestação do eleitorado. Ademais, há a tendência de crescerem os protestos nas ruas, mais avance o percentual dos vacinados contra a covid-19. É nas ruas, portanto, que se resolverão os mais profundos e graves problemas. Disso ninguém mais tem dúvida. Se as urnas não validarem os (des)propósitos do Presidente, nossos títulos eleitorais serão rasgados e postas no seu lugar, mas nas mãos dos fanáticos e associados do Presidente, as armas compradas com nosso dinheiro. Já nem precisarão ser mortos quinhentos mil, porque o vírus bem administrado pelos que estão no poder já terá feito o serviço antes. Se o impeachment ontem justificava certa cautela, hoje ele aparece indispensável e urgente. Se ainda há alguma dúvida, esta não se refere à disposição do Presidente de melar o processo eleitoral. Tem a ver apenas à conduta do que ele considera o meu exército, se as milícias e forças policiais com as quais tem forte ligação, ou a força armada constitucionalmente criada para defender as instituições. Essa diferença entre força armada oficial e guarda pretoriana é que ainda precisa ser suficientemente esclarecida.



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