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Foto do escritorProfessor Seráfico

Cultura e cidadania

Dias 27 e 28 de maio último, comprovou-se a possibilidade de discutir problemas do interesse geral dentro da civilidade exigível, se pretendemos realmente preservar e aprofundar relações democráticas. No auditório do Palacete Provincial, dirigentes e profissionais da cultura expuseram suas opiniões, atividades e sugestões, por iniciativa do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Manaus. À sessão inaugural compareceram representantes do Ministério da Cultura, trazendo informações relevantes, sobretudo a respeito das fontes de financiamento das atividades culturais, em todas as formas de expressão. Ganharam destaque as leis de estímulo à produção cultural, especialmente a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc. Na plateia estavam representantes de todas as áreas da cultura, evidenciando quanto o setor pode contribuir para a formulação de políticas consistentes, duradouras e consequentes, desde que não sejam os profissionais submetidos às contingências e constrangimentos aplicáveis a outros setores da atividade humana. O máximo que se há de exigir deles é a criatividade, quase sempre em proporção inversa à exigível dos que têm interesse sobretudo econômico envolvido. Daí meu estranhamento, relativamente às considerações algumas vezes ouvidas, restringindo os benefícios da cultura a seus efeitos sobre a economia. Se este não é aspecto desprezível, em especial porque se trata da aplicação de recursos públicos, ele sempre deverá atender, prioritariamente, às peculiaridades do segmento a que se vinculam. O valor da cultura não pode ser medido pela mesma régua que avalia as atividades de uma fábrica. Não é da cultura servida a consumidores de outros produtos que se trata. Neste caso, tratamos do significado, portanto dos aspectos simbólicos, não do valor monetário de cada manifestação. Ver os interessados em espetáculos de arte, qualquer que seja ela, como se vêem os compradores de linguiça, não me parece aconselhável. Se cada cidadão sempre é um consumidor, nem todo consumidor chega à exata condição de cidadania. Nem o título eleitoral, por si mesmo, o assegura. Com o estabelecimento do primeiro Plano de Cultura do Município de Manaus esperamos seja aberto período frutuoso no que toca à consolidação da democracia e seu permanente aprofundamento. Essa a tarefa dos verdadeiros cidadãos

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