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Culto da cegueira

Diz a sabedoria popular que o pior cego é o que não quer ver. José Saramago, num de seus mais importantes livros descreve uma sociedade afetada por uma epidemia de cegueira. A obra, marcada por profunda e metafórica elaboração, difere pouco da realidade com a qual convivemos, o Brasil e tantos outros países. Entre nós, extremados em nossas percepções e sentimentos, o fenômeno ganha contornos de tragédia. Menos porque a ignorância produzida pela cegueira como escolha vai-se expandindo, que pela promoção, estímulo e imposição oficial. Os altos escalões da República emitem lições, exemplos e orientações no que parece tentativa inequívoca de tornar-nos todos irremediáveis cegos. Se ações e omissões governamentais concorreram para fazer do Brasil o campeão das mortes causadas pela pandemia, isso parece não ter bastado à sanha assassina em voga. O armamento da população, a ponto de fazer quase desprezível o arsenal detido pelas forças públicas armadas, tem suas consequências expostas cotidianamente, seja em cidades de grande porte, seja nos mais escondidos vilarejos. Frustrada a tentativa de impor normas protetoras da violência dos agentes públicos, nem por isso tem sido poupada a vida sobretudo de jovens. Jovens em sua maioria pobres. Pretos, também. Ê a escuridão que a luz do sol escancara.

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