Delito imperdoável*
Corpos jazem
os sons que os circundam
não têm a sonoridade das
trombetas
o apocalipse ali tão disponível
a mulher corre
a criança no colo abraçada
ao ursinho de pelúcia
nem a fumaça impede a
caminhada
a fronteira fazendo-se mais distante
a cada passo
adiante
corpo preso ao presente
fumegantes edifícios
evanescentes o que restou
da humanidade
desconjuntados corpos nem
sempre juntos
corpos de um delito
inenarrável.
Manaus, 26-03-2022
* Poema do editor deste blog, apresentado em vídeo, no VII Festival de Poesia de Lisboa, 14-19 de setembro de 2022.
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