Perder um parente ou uma pessoa querida é perder igualmente um pedaço de nós. Somos o que somos, ao longo do tempo, seja vida longa ou curta, porque outros são conosco. Mas as pessoas são conosco nos mais diversos lugares em que elas se encontram. Quando o promotor dessas felizes e enriquecedoras oportunidades é o amor aos livros e a permanente curiosidade e o gosto por aprender, aí então esses lugares passam a fazer parte de nós. Como se, tanto quanto entre as pessoas que os frequentam e as que ali buscam seu sustento, ocorresse processo simbiótico cada dia mais intenso. Além das marcas visuais e materiais ali tecidas, elas se estendem ao interior, ao espírito dos que lá vão ter. Digo-o, para dizer quanto me dói saber do fechamento anunciado da livraria FOX, em Belém, tornada insuperável a crise do mercado editorial, em tempos que substituem os livros pelos revólveres. Sei que outros, como eu frequentadores daquele lugar, deporão com maior brilho que o deste depoimento. Duvido, porém, que meu sentimento seja menor que o de todos os outros. Débora Miranda, gigante que vê abalado seu sonho porque acreditou que as nações se constroem com homens e livros, com certeza realizará outros sonhos. A longa companhia dos livros e de muitos dos seus autores, certamente deixam marcada nela mesma o que disse Saramago: O fim duma viagem é apenas o início de outra. Não lhe faltará companhia, enquanto houver quem lhe possa dizer obrigado.
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