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Como dizia o general

Números oficiais registram 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos, em razão da covid-19. Isso corresponde a mais de 14 vítimas/dia, desde que o vírus chegou ao Brasil. Não obstante, o Presidente da República continua sua cruzada contra a vacinação. Agora, de crianças naquela faixa etária. Para exercer ainda mais sua má influência sobre os pais, promete que sua filha de 11 anos não será vacinada. Até aí, não há problema. Aos pais sempre coube decidir proteger ou não os seus filhos. De pais comuns, é o que se espera, seja quanto à vacinação, a transfusão de sangue ou outros procedimentos que oferecem algum risco à vida dos rebentos. O que não é o caso, como sabe o menos desinformado dos pais. De um mandatário popular, o mais alto deles, porém, a tentativa de influenciar a decisão constitui verdadeiro atentado ao direito dos cidadãos. Custa crer que pessoa (?) sentada na poltrona em que o Presidente tem assento ignore quantos os mortos pela doença, rondando hoje (06.01.2022) as 620 mil vítimas. Mais grave é a série de ataques aos órgãos vinculados ao Ministério (sinistério, melhor dizer) da Saúde, como a COVISA. Da mesma forma irresponsável e desdenhosa com que o Presidente se refere aos adversários e todos aqueles contra o qual dirige seu ódio, ele levanta suspeitas sobre os propósitos do órgão oficial. Sempre, sem apresentar qualquer fundamento ou argumento, como se fosse apenas um dos membros da manada que o tem como ídolo. Pois esses ataques, que para alguns traduzem o desespero de que é presa, diante das perspectivas eleitorais, não têm merecido a resposta adequada dos que o cercam. Tal impassividade pode ser vista como cumplicidade, mas também pode ser algo calculado. Quem sabe o desejo de seus impotentes aliados seria o de que, dia-a-dia ampliado, esse desespero o leve à renúncia ao posto ocupado e tão mal desempenhado, ou ao abandono da pretensão de fazer-se reeleger? Por enquanto, não mais que uma especulação. Todavia, ninguém em sã consciência pode afastar essas hipóteses do cenário. Também é curioso que, diante de tantas sandices ditas e cometidas, ninguém se tenha lembrado de exigir do Presidente, legalmente, atestado de sanidade mental. Sem descartar, também, a hipótese de não ser um problema de saúde mental, mas de índole. Afinal, o general Joaquim Magalhães Cardoso Barata, ex-interventor e governador do Pará, morto em 1959, exigia a comprovação do mau estado de saúde de seus auxiliares, satisfeitas conjunta ou isoladamente as seguintes condições: 1. rasgar dinheiro; 2. andar nu pelas ruas da cidade; 3. comer merda. Ao que se sabe, não precisa rasgar cédulas para caracterizar as rachadinhas; passeios de motocicleta e jet-sky exigem roupas protetoras; falar sujeiras e engolir camarões não satisfazem o critério baratista.

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