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Foto do escritorProfessor Seráfico

Começar pelas concordâncias

O discurso do triPresidente Lula, na COP-28, dia 01 de dezembro, deixa marcas que o tempo não apagará tão facilmente. Além de reiterar sua preocupação com a crise ambiental, o líder brasileiro credenciou-se ainda mais a posição influente na construção do cenário das próximas décadas, em escala planetária. À indicação da impossibilidade de os países mais pobres darem conta do combate à pobreza concomitante ao enfrentamento da crise ambiental, Lula juntou com veemência a cobrança da exigível contribuição financeira dos países mais ricos. O governante brasileiro não se furtou a comparar o que esses países gastam em programas bélicos, face ao financiamento de ações benéficas ao equilíbrio ambiental do Planeta. Por isso, seu discurso mereceu intenso e prolongado aplauso. Não obstante, certos profissionais das comunicações preferiram reduzir a importância desse pronunciamento. Fizeram-no, quase em coro, destacando o silêncio em relação ao uso de combustíveis fósseis, lembrando ainda do recente convite que os Emirados Árabes Unidos fizeram, para que o Brasil integre a OPEP. Essa organização, por sinal, tem sede em Dubai, onde se realiza a COP-28. Ignorantes das peculiaridades da Política e do exercício do poder, ou movidos por outros interesses, tais críticos fingem buscar a paz, sem que consigam esconder totalmente sua percepção ou posição enviesada. Esperar de Lula o abandono da única posição que poderá levar ao equacionamento dos problemas e ações comuns aos países e povos nelas envolvidos, justificaria exigir as referências a que aludem os críticos. Menos por que o Brasil tenha sido chamado a integrar o cartel internacional do petróleo. Seria rematada imprudência, se preferirmos este termo à palavra burrice, tentar resultado favorável à paz, começando pelas divergências, não pelos pontos em que há razoável concordância. Ademais, quem nos garante que integrando a OPEP, mesmo como apenas observador, Lula não obteria êxito na tentativa de convencer os países ricos em petróleo e gás a substituir gradativamente suas matrizes produtivas dependentes de combustíveis fósseis? Todo apaziguamento deve começar pelos pontos de convergência, se estamos levando a sério nossas responsabilidades.

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