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Carrascos premiados

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Ao Amazonas foi conferido papel importante na CPI da covid-19, criada no Senado. Dois dos senadores amazonenses têm lugar assegurado, inclusive a Presidência do órgão de investigação. A relatoria, cuja função talvez seja a mais estratégica em mecanismos que tais, não ficou com o senador Eduardo Braga, antes cotado para o posto. Nesse caso, os interesses do partido pesaram mais. Para o lugar que poderia ser ocupado por Eduardo, vai o senador Renan Calheiros. Este e Eduardo são figuras destacadas no partido, aparecendo como das mais influentes lideranças peemedebistas. Omar Aziz na Presidência, vem sendo apresentado como pouco hostil ao Presidente da República, o que justificaria a pecha de independente como tem sido tratado pelos media. Até aonde vai essa independência se está por conhecer. Considerem-se, porém, outros interesses, nesse caso de ordem pessoal e, mais uma vez, posta a eleição de 2022 à frente de todos. Corre à boca pequena a disposição de ambos em concorrer como candidatos ao governo do Estado do Amazonas, por onde os dois já passaram. É quase certo que um deles será candidato ao governo e o outro preferirá o Senado. Em todo caso, e também dificilmente oculta, preocupa qualquer concorrente a hipótese de o general Eduardo Pazuello disputar o pleito. Seu grande eleitor seria o próprio Presidente da República, Isso pode não ser muito, mas é um fato. À CPI é reservada, pelo menos neste momento, a oportunidade de criar dificuldades à pretensão do Presidente ou facilitar sua caminhada. Assim, o mal-disfarçado sonho do ex-sinistro da Saúde está atado ao processo em tramitação no Senado. Nem se espere que, repentinamente, a nenhuma identidade do pretenso candidato ao governo com o povo do Amazonas e sua fidelidade ao Presidente da República terá alguma influência negativa na eleição. Mais que os habitantes do país escandinavo, o amor apaixonado de que se toma boa parte do eleitorado local pelos que um dia lhe causaram mal não é novidade. Não será a situação de epicentro da pandemia, nem o desvio do oxigênio cuja falta matou tantos habitantes do Amazonas que autorizará o descarte da repetição de decisão corriqueira – premiar o carrasco, tomado de amor por ele. Isso tem até nome: síndrome de Estocolmo.

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