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Todo animal acuado encontra força de que nem se suspeitaria, quando se vê sob intenso risco. Dentre os instintos, o de conservação parece o mais conhecido. Em geral manifestado quando a vida está sob ameaça, o animal inconsciente o usa e frequentemente consegue por-se a salvo. Creio ser esse um raciocínio indispensável à adequada compreensão da conduta do quase ex-Presidente da República, diante dos últimos acontecimentos. Em especial, a baderna realizada em várias cidades brasileiras, a pretexto de pedir um golpe militar. No primeiro dia - o terceiro, contado o dia da eleição - depois do sono quase letárgico a que se entregou, o candidato derrotado deu dúbio recado. Timidamente, pediu que seus fanáticos seguidores ficassem dentro das quatro linhas. Com mais vigor, atribuiu a baderna à indignação que ele mesmo achou justa. A dubiedade mostrou-se não mera estratégia, pelo menos na percepção de seus fiéis defensores. Soou à abertura de mais uma porteira, como o confirmou a mobilização dos que o general Castelo Branco chamou "vivandeiras", a rondar os quartéis e atiçar o que o primeiro dos ditadores denominou "granadeiros". Quando ainda não havia entrado em cena o mais ostensivo deles, ora metido numa cela do Presídio de Bangu. Pois bem, depois de domingo o tom do derrotado mudou. E não terá sido porque repentinamente bons e altruísticos propósitos o tenham inspirado. De tão profunda e paradoxal teria sido a mudança, que ninguém a poderá levar a sério. Pode-se apostar com maior probabilidade de acerto na percepção do ex-capitão da gravidade de sua situação. Ainda mais se entrar nas contas a visita feita no dia posterior ao STF. A partir de 1 de janeiro de 2023, o fanfarrão ficará exposto às ações policiais e judiciais que o elenco de delitos por ele praticados justifica. E não faltará quem as cobre do governo, sob a batuta de Lula. Não se tratará de retaliação, menos de fazê-lo provar da vingança, prato que se come frio. O dever de investigar e de propor ações punitivas, se negligenciado, implica cometimento do crime de prevaricação. Este, a propósito, também incluído no rol dos delitos a serem considerados. O mandato não alcançado agora corresponde ao habeas-corpus tão necessário a ele. Essa a tabuada com que foram feitas as contas do quase ex-Presidente.

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