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AS REVOLUÇÕES DE FEVEREIRO E DE OUTUBRO DE 1917 NA RÚSSIA - Síntese

Orlando Sampaio Silva


Pode-se afirmar que os primeiros vinte e dois anos do século XX, na Rússia, foi um período pré-revolucionário/revolucionário e de consolidação do poder comunista. Esta fase que se estende de 1905, quando ocorreu uma revolução de caráter anarquista, até outubro de 1917, quando os comunistas conquistaram o Poder da Rússia, vindo a consolidá-lo definitivamente em 1922. Primeiro registrou-se, em 1920, a vitória da Rússia comunista sobre as tropas dos países capitalistas invasoras; no ano seguinte, os revolucionários venceram definitivamente a guerra civil (interna), e, finalmente, ocorreu a fundação de U.R.S.S., em 1922. A revolução de 1905 foi uma revolta popular espontânea que inaugurou a época das revoluções russas do século XX. A “Revolução Russa de 1905” se estendeu de 22 de janeiro a 16 de junho de 1905 e teve um substrato ideológico mais próximo do pensamento anarquista (cf. acima). Sua eclosão se articula com o fracasso russo na “Guerra Russo-Japonesa” (8/02/1904 a 5/9/1905), um confronto bélico movido por interesses colonialistas em oposição, no território chinês. Também, nesta fase agitada da vida russa, ocorreu, em 1904, o episódio do Encouraçado Potemkin, um motim dos tripulantes marinheiros desta embarcação de guerra russo, revoltados com as condições de trabalho a que estavam sujeitos embarcados. Este fato ficou famoso com o filme “O Encouraçado Potemkin”, de 1925, dirigido pelo cineasta russo Serguei Eisenstein. O povo, com a insurgência revolucionária de 1905, rebelava-se contra a orientação do governo do imperador-czar, que se apegava à manutenção de um sistema político conservador, de privilégios, antipopular, que se opunha a um processo de modernização econômica com industrialização e urbanização, mantendo um sistema social e econômico de caráter feudal, e que explorava os trabalhadores no campo e a população em geral, que vivia, em sua grande maioria, na pobreza. Foi uma revolta popular, que, por fim, foi esmagada pelo poder czarista. O estopim da Revolução Russa de 1905 foi o chamado “Domingo sangrento” - 22/01/1905 -, quando a massa do povo na rua se aproximava do Palácio de Inverno, em São Petersburgo, para entregar um abaixo assinado e foi repelida pela guarda do palácio com grande violência, do que decorreram muitos mortos e feridos. Dos três principais líderes da Revolução Russa de Outubro de 1917, apenas Trotsky, muito jovem, esteve presente na revolução de 1905. Lênin teve participação secundária no movimento. Stalin não foi personagens nessa revolução do início do Século. Na realidade, os três fundadores da URSS apenas vieram a ser grandes chefes revolucionários na Revolução de Outubro de 1917. Na sequência do processo, na agitação russa, nesta fase, Trotsky exilou-se no exterior. Lenin refugiou-se na Suíça. Em 1912, foi fundado o PCR- Partido Comunista da Rússia sob a liderança de Vladimir Lênin (que retornara à Rússia), com as circunstâncias acima descritas do enfrentamento entre “bolchevistas” (“maioria”, comunistas) e “menchevistas” (“minoria”, sociais-democratas), e foi implantado o postulado partidário do “centralismo democrático” no seio do PC. Então, com a repressão czarista contra os esquerdistas, Lênin retornou ao exílio na Suíça. Em fevereiro de 1917, ocorreu a revolução das mulheres têxteis contra a guerra mundial, pela paz, e que propugnava pela volta dos soldados do campo de batalha, tendo sido, também, uma revolta contra o czarismo e contra a pobreza. Esta revolução teve um caráter ideológico com tonalidades predominantemente social-democratas. Este movimento revolucionário foi vitorioso. No seu bojo ou na sua esteira, com a pressão popular revolucionária, o sistema imperial czarista caiu com a abdicação do czar Nicoláu II, tendo ocorrido, dias depois, o assassinato dele e sua família operado por um grupo de bolchevistas, em ação paralela e independente do governo revolucionário provisório republicano então estabelecido. Nicolau II já não se encontrava no Poder da Rússia quando foi assassinado. Lênin retornou à Rússia, para maquinar e organizar, com Trotsky, a revolução bolchevista. Com a vitória da revolução de fevereiro/17, veio a assumir o Poder na Rússia, como (o segundo) Primeiro-Ministro, um social-democrata, Kerensky (que integrava o POSDR) na chefia do Governo Provisório. Foi, então que, em outubro deste mesmo ano (1917), teve lugar a tomada do Poder pelos bolchevistas (Partido Comunista da Rússia), sob a liderança de Lênin e Trotsky, sendo este o organizador e comandante do Exército Vermelho e o chefe do poderoso soviet de Petrogrado. Ocorreu assim a denominada “invasão do Palácio de Inverno”, sede do governo, que fora residência do Czar na capital da Rússia, Petrogrado. Ocorre que o czar já estava morto desde julho e quem ocupava o Poder no Palácio era o Primeiro-Ministro Kerensky, membro do Partido Social Democrático. É um erro histórico a versão de que a revolução de outubro de 1917 derrubou do poder o czar e pôs fim ao czarismo. Os dados empíricos da realidade histórica mostram que a monarquia dos Romanov caiu em 15/3/1917 (o czar abdicou) no corpo da revolução de fevereiro, sendo que esta teve tonalidades ideológicas sociais-democratas (cf. vimos). A revolução de outubro afastou da chefia do Governo Provisório Kerensky, o segundo Primeiro-Ministro pós-czarismo, que estava procurando organizar, na Rússia, uma república com modelo social-democrático. O que ocorreu, após treze dias da invasão, foi um golpe de estado. Kerensky não foi preso pelos revolucionários, com os quais manteve difícil conversação, até que, deposto do Poder, refugiou-se por um curto período e, depois de poucos dias, viajou para o exílio na França. Lenin, então, assumiu o Poder da Rússia. A revolução de fevereiro abriu caminho, facilitou a conquista do Poder pelos revolucionários do Partido Comunista da Rússia, Lenin, Trotsky e Stalin. Lenin, teórico e revolucionário, intelectual, foi o líder natural da revolução de outubro; Trotsky liderava o poderoso e massivo soviet de Petrogrado e chefiava o Exército Vermelho; Stalin era o Secretário-Geral do PCUS.

Feita a síntese.

A sorte estava lançada. De imediato, a Rússia se retirou da I Guerra Mundial; foi abolida a propriedade privada, e as terras dos latifundiários foram compartilhadas coletivamente pelos camponeses.

Como foi previsível e inevitável, a partir de abril de 1918, travou-se a guerra civil decorrente da reação, menos dos monarquistas do que dos capitalistas urbanos e dos grandes proprietários rurais. O novo governo só veio a vencer a guerra civil em 1921. Nesta fase, ocorreu, também, uma invasão de tropas de países capitalistas, ação armada que se efetivou, também, desde 1918. As tropas participantes desta movimentação de forças se constituíram de militares dos seguintes países: França, Inglaterra, Japão, Estados Unidos, Polônia, Grécia e Canadá. O Exército Vermelho foi vitorioso, nessa guerra, já em 1920. Estava assegurada a estabilidade do estado comunista.

Em 30 de dezembro de 1922, a Grande Rússia, aquela da dinastia dos czares - ou seja, a Rússia e outros países seus vizinhos submetidos, na Europa e na Ásia -, foi transformada na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS. Foi a fundação da URSS. Vladimir Lenin, que já chefiava o Poder da Grande Rússia, assumiu, nesta data, a função de Presidente da URSS.

O Partido Comunista da Rússia passou a ser o Partido Comunista da URSS-PCUS. O PCUS e o novo governo absorveram no / integraram ao / Estado Soviético as organizações populares pré-existente dos soviets e mantiveram a dominação russa sobre aqueles demais países, em um sistema de governo estatizante, de cunho republicano unipartidário. Inicialmente, sob o governo de Lenin, foram tentadas experiências menos concentracionistas do poder central, com a distribuição de pequenas propriedades de terras aos trabalhadores do campo, coletivamente, como nos casos dos kolkozes, cooperativas. Mas, logo vieram os sovkhozes, fazendas estatais. Aos poucos o PC e o governo passaram a incorporar ao poder estatal a totalidade dos meios de produção, tornando-se o Estado o único proprietário e o único empregador. Constituiu-se um estado ditatorial, referido, impropriamente, como "ditadura do proletariado" (registre-se que esta expressão e o conceito nela contido foram criados por Marx).

Os países - ditas "repúblicas socialistas" -, que ficaram incorporados ao Estado Soviético, foram:

- europeus: Ucrânia, Moldava, Geórgia, Armênia, Bielorrússia (Rússia Branca), Estônia, Letônia, Lituânia e Azerbaijão;

- asiáticos: Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Quirguistão e Mongólia Exterior.


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