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As cuecas do Congresso

Ainda não entendi metade do caso ocorrido quando eu tinha 7 anos de idade. Mal entrara na rede pública do ensino, nível denominado primário àquela época. A revista O Cruzeiro era leitura obrigatória nos lares da classe média. Éramos isso, em 1949, quando meu pai contava quase vinte anos como servidor da Port of Parah. O que tem a ver a revista com o Congresso? Neste caso que pretendo relatar, muitíssima coisa. Por causa de matéria nela publicada em 1946, foi cassado o mandato de Edmundo Barreto Pinto, representante do Rio de Janeiro, pelo Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB de Getúlio Vargas. A entrevista atraiu os leitores muito mais pelo traje do político entrevistado que pelo que terá revelado aos jornalistas. Barreto Pinto apresentava-se aos apreciadores do periódico em elegante fraque e cuecas. Talvez até ainda as chamassem ceroulas, coisa que não posso assegurar. Pois a elegância do parlamentar incomodou a antes chamada Câmara Baixa (nome mais bem adequado para os dias de hoje), levando o parlamentar à perda do mandato. Hoje, as vísceras das casas do Congresso são diariamente expostas, sem que seus integrantes precisem ficar de ceroulas. Peça que, tiradas e postas em exposição pública, talvez não revelassem o que, muito bem guardado, habita as mentes e os corações de gente que, acumpliciada, vive em luta constante e perpétua por falsa liberdade e interesses postas a distância de qualquer luz, seja uma pequena estrela, seja todo o cruzeiro. A nudez ou o traje pesado, nada disso interfere, como testemunhamos nestes dias de CPI.

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