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ANDES – SN E ELEIÇÕES 2023: POR QUE VOTAR NA CHAPA 1?


José Alcimar de Oliveira*


Como hão de sair das universidades os governantes, se não há universidade na América onde se ensine o rudimentar da arte do governo, que é a análise dos elementos peculiares dos povos da América? José Martí (1853-1895)

01. A Universidade Pública, Gratuita, Laica, de Qualidade e Socialmente Referenciada é o mais importante patrimônio social e institucional do povo brasileiro. A história do ANDES-SN, desde sua fundação em 1981 (à época ainda como Associação, porque a ditadura empresarial-militar impedia os servidores públicos de se organizarem em Sindicatos), tem sido impressa com as letras da organização e da consciência de classe, sem o que a classe trabalhadora estaria desarmada para enfrentar a cotidiana opressão da burguesia local e global. Mais do que um Sindicato de Docentes, o ANDES-SN se firmou como referência de Sindicato Classista no Brasil e na América Latina.

02. O ANDES-SN, por seu nível de organização e formulação teórica (filosófica, científica e política) tem o estatuto de uma verdadeira Universidade Nacional da Militância. Cumpre um papel ao mesmo tempo corporativo (a defesa dos direitos da categoria docente) e classista (a defesa da única classe que produz riqueza: a classe trabalhadora). É um desafio que, seguramente, vai muito além do âmbito sindical. Sim, evidentemente, sindicato não é partido e deles deve ser independente. Como parte da estrutura do Estado burguês, não há sindicato revolucionário. Mas manter-se como Sindicato de Base na luta desigual entre a burguesia e a classe trabalhadora já é um indicativo estrutural de seu poder orgânico diante das forças reacionárias do Estado capitalista. O ANDES-SN vertebrou-se na luta.

03. No limite, pode haver (e é salutar que haja, sem resvalar para o esquerdismo) revolucionários no sindicato, cuja base se constitui das mais diversas orientações políticas, o que ocorre em nosso aguerrido ANDES-SN. Como também é salutar essa diversidade, que incorpora, inclusive, docentes que resistem em se reconhecer como classe trabalhadora. O Sindicato não pode fugir às contradições da realidade social. Consciência política não é apanágio de docente do ensino superior, inclusive daquelas ou daqueles com um ou mais pós-doc. A universidade não é o paraíso da consciência de classe. Como na sociedade de classes, nela também há diversidade de posturas, que vão da mente revolucionária à reacionária, tanto quanto no interior da organização sindical.

04. No Brasil, mesmo os partidos de esquerda abdicaram da formação política. No máximo, se ocupam de política eleitoral, como ocorre em cada eleição. O ANDES-SN, nos limites de sua estrutura sindical, firmou-se como um espaço político e científico dos mais qualificados em que se formulam e se discutem as grandes questões nacionais, da política educacional à luta dos povos originários pelo direito à terra e à vida, do direito à cidade e à moradia decente às opressões de classe, gênero e etnia. Onde a questão tem relevância social e demanda enfrentamento coletivo, ali está o ANDES-SN, que não foge à luta e não se dobra ao poder de governos, partidos e administrações.

05. Sou sindicalizado à ADUA – Seção Sindical, e, por consequência, ao ANDES – Sindicato Nacional, desde 1986, ano em que ingressei como docente na Universidade Federal do Amazonas – UFAM, à época Universidade do Amazonas – UA. E o ANDES-SN, a partir da ADUA – Seção Sindical, foi e tem sido, para mim, um dos mais fecundos espaços de formação política. Tenho consciência de que as três chapas que concorrem à direção do ANDES-SN estão no campo político da esquerda, mas carregam diferenças que não podem ser apagadas. Para o maniqueísmo ignaro da direita e, sobretudo, da extrema direita, são todas iguais. Segundo Nietzsche, ver semelhança em tudo é sinal de miopia.

06. Voto na Chapa 1, cuja base de formação, mas não só, é o Coletivo Andes de Luta pela Base (ALB) do qual faço parte desde sua fundação. Não tenho filiação partidária até o presente. Caminho, não sozinho, no interior orgânico da esquerda classista, com vigilante distância do adesismo e do esquerdismo, salutar prática política que tem orientado sucessivas direções do ANDES-SN. Instituição política nenhuma está isenta de erros, de táticas discutíveis. Mas em visão de perspectiva histórica e de honestidade de decisão, jamais será imputado à direção de nosso irredento ANDES-SN o desvio político da conciliação (ou traição) de classe.

07. Voto nas companheiras e companheiros que formam a Chapa 1, concorrente à direção do ANDES – SN, porque nelas e neles reconheço a determinação política de que princípios não envelhecem e não podem ser objeto de negociação. Sindicato não é partido e deve guardar independência de governos, partidos e administrações. Sindicato, por sua natureza de representante de uma categoria em si mesma diversa em orientações de fundo ideológico e político, deve caminhar sempre com a base, escutar a base, decidir desde a base, sem lugar para manipulação vanguardista ou governista. Para manter o ANDES-SN nas trilhas do devir democrático, na defesa combinada dos interesses da categoria docente e da solidariedade de classe, nos bons caminhos da organização e da consciência de classe, voto CHAPA 1 nas eleições dos dias 10 e 11 de maio de 2023. ANDES pela Base: Ousadia pra sonhar, Coragem pra lutar.

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* José Alcimar de Oliveira é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, teólogo sem cátedra, filho do cruzamento dos rios Solimões (em Bela Vista, Manacapuru, AM) e Jaguaribe (em Jaguaruana, CE), base da ADUA Seção Sindical e eleitor da CHAPA 1 nas eleições para a Diretoria do ANDES-SN nos dias 10 e 11 de maio de 2023. Manaus, AM, 10 de maio de 2023.

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