Faz 3 anos, mais de quarenta intelectuais alemães lançaram documento em que advertiam para os riscos de o Brasil eleger o atual Presidente da República. Mesmo sem mencionar o nome do ex-capitão excluído das forças armadas, o documento fazia referência clara aos pronunciamentos dele ao longo dos últimos dos seus mais de vinte e cinco anos de exercício parlamentar. A propagação de mentiras, os ataques aos direitos das minorias e a incitação à violência repercutiam no cenário político e intelectual da pátria de Göethe. A experiência histórica da Europa, especialmente da Alemanha, inspirou o grupo de manifestantes, que também apelavam ao Judiciário brasileiro e às forças democráticas para que impedissem o que acabou ocorrendo. A análise que os signatários do documento alemão fazem hoje leva-nos a vislumbrar a hipótese de um caminho sem volta, no recuo até os tempos da barbárie. Isso significa ter claros os riscos do País, caso o resultado das urnas não retrate o crescente repúdio da sociedade brasileira ao governo. A propósito, mesmo que as urnas traduzam os anseios que hoje se percebe majoritários, a previsão dos alemães pode manter-se íntegra. Pelo menos, se levadas em conta as manifestações do Presidente, desta vez em derredor do processo eleitoral e o uso de urnas eletrônicas. Só os tolos não se sentiriam ameaçados, diante das levianas restrições feitas pelo chefe do Poder Executivo à lisura da votação. O confronto que ele estabelece com qualquer segmento que não corresponda ao de seus fanáticos seguidores, e que cada dia atinge outros setores até então distantes do cenário político, diz tudo – ou quase tudo. Se não lograr a maioria dos votos em 2022, o candidato à reeleição promete melar todo o processo, quem sabe até repetindo o ridículo e trágico gesto dos seguidores do seu ídolo Donald Trump. Tenha ou não tenha a ver com a política que tenta fazer do Brasil uma pátria armada, o propósito do Presidente deve ser levado a sério pelos que dele discordam. Quando classifica de seu o exército (entenda-se, Forças Armadas), ele acena para a possibilidade de ampliar o uso inadequado das instituições castrenses, reduzindo-as ao papel de coadjutoras de outras organizações igualmente armadas, algo que François Duvalier administrou no Haiti. Os que conhecem o Haiti – mais ainda os que lá estiveram – sabem disso. Pelo menos, mais que eu.
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as nossas FAs parecem que são atualmente comandadas por pessoas perigosas, que não tem formação democrática.