Tem-se dado mais importância ao depoimento do general Gonçalves Dias que aos integrantes da - segundo as palavras do Ministério Público Federal - organização criminosa que operou dentro e no entorno do Palácio do Planalto. Tudo por que o governo instalado em 01 de janeiro de 2023 não desmontou totalmente o esquema golpista semeado nos gabinetes vizinhos da central do golpe. O general que ofereceu água aos invasores e pareceu hospitaleiro em relação a eles, passou a ser visto com suspeita por ambos os lados. Os governistas têm razão em vê-lo como um agente golpista infiltrado. Tudo depende da ponderação entre o tempo percorrido por ele como acompanhante oficial e institucional de Lula e sua formação e permanência na tropa. Convenhamos, estabelecer o grau de compromisso e fidelidade às pessoas e às instituições não é das coisas mais fáceis. A oposição, a despeito de tudo quanto a Polícia Federal apurou mas ainda não divulgou inteiramente, tentará estabelecer a confusão. Por enquanto, não lhe resta outro expediente defensivo a utilizar. Embora pequena, a probabilidade de a mentira mais uma vez prosperar não pode ser descartada. Não faltarão os fanáticos e os falsos combatentes contra a corrupção. Mesmo em baixa, as fake-news e as redes por onde elas transitam ainda ocupam alguns que têm preferência por uns e ódio por outros bandidos e criminosos de toda ordem. A afeição seletiva por uns criminosos, o repúdio aos demais. Poucos observadores se darão conta da contradição entre o discurso e o ato, de um lado e do outro. Dar de beber a quem tem sede é dos preceitos cristãos mais defendidos. Gonçalves Dias o fez, e por isso é criticado. De todos, todos pedem tolerância e exortam à atitude paciente e compreensiva. Como o terá feito o triPresidente, ao postergar o saneamento do Gabinete de Segurança Institucional, o famigerado GABIN. (Aqui, o conceito tem a ver ao sentido exato da expressão - aquele que se fez famoso). Em torno de tudo isso, a tentativa de atribuir ao novo governo a responsabilidade pelos atos terroristas de 8 de janeiro. Agatha Christie, que entendia de crimes e criminosos, talvez chegasse à gargalhada, viva ainda fosse. William Shakespeare teria bom mote para escrever mais uma, dentre as muitas comédias que têm feito os espectadores quase explodirem de rir.
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