Bertolt Brecht (1898-1956)
Nossos inimigos dizem:
A luta terminou.
Mas nós dizemos:
Ela começou.
Nossos inimigos dizem:
A verdade está liquidada.
Mas nós dizemos:
Nós a sabemos ainda.
Nossos inimigos dizem:
Mesmo que ainda
Se conheça a verdade
Ela não pode mais
Ser divulgada.
Mas nós a divulgamos.
É a véspera da batalha.
É a preparação de nossos
Quadros.
É o estudo do
Plano de luta.
E o dia antes da queda
De nossos inimigos.
Neste dia 10 de agosto de 2021, a Universidade Federal do
Amazonas (UFAM) retoma, ainda de forma remota, as atividades
do calendário acadêmico do semestre de 2020/02, suspenso por
força da pandemia de covid-19, cujas consequências no Brasil e no
Amazonas foram agravadas pela política da morte promovida pelas
instâncias de governo nos níveis federal, estadual e municipal. O
Estado brasileiro consorciou-se ao poder devastador do vírus. Para
quem resistiu e continua na resistência ao arbítrio e ao desmonte de
direitos, nenhuma morte é número. Para nós, cada vida perdida tem
nome. E continuaremos a falar por eles e por elas. Pelas vidas que
nos foram subtraídas.
Não voltamos à normalidade que nunca houve, mesmo antes
da pandemia. Continuamos em ritmo de barbárie e sob Estado de
Exceção. Nenhuma vida a menos! Nenhum direito a menos! Nem
um passo atrás! Cada colega servidor(a), docente e técnico(a)-
administrativo(a), discente e funcionário(a) terceirizado(a) da
UFAM que sofreu a perda de um familiar, parente ou colega, terá
em nós, da Associação dos Docentes da Universidade Federal do
Amazonas (ADUA – Seção Sindical do ANDES-SN), a
solidariedade classista e humana. Não nos calarão!
Onde estão as instituições da República? Seguirão omissas
diante das seguidas agressões ao Estado Democrático de Direito?
Terá a ordem do crime e da destruição adquirido estatuto de lei e
tornado letra morta a chamada Constituição Cidadã de 1988?
Configura crime gritar pelo direito à vida nela formalmente ainda
garantido? A UFAM, como instituição federal e pública de ensino,
deve ser para cada docente um espaço de afirmação e de defesa dos
direitos coletivos, notadamente do sagrado direito à educação.
Neste 2021, no centenário de nascimento de Paulo Freire, e
aos 50 anos da morte (em circunstâncias nunca explicadas) de
Anísio Teixeira, é um dever de cidadania educativa trazer à
memória coletiva a vida e a práxis desses dois grandes educadores.
Não podemos permitir nem o esquecimento fabricado nem os
ultrajes da ignorância arrogante sobre a trajetória intelectual de Paulo Freire e Anísio Teixeira, dois brasileiros que imprimiram em suas vidas a defesa do direito das classes oprimidas à educação, da educação pública como direito e jamais como privilégio.
Somente a luta muda a vida. Somente a grande luta muda a história. Em defesa da vida socialmente vulnerabilizada; em defesa da classe que vive do trabalho e produz riqueza; em defesa dos(as) empobrecidos(as), dos povos indígenas, da população negra, das mulheres vítimas do machismo e do feminicídio, da população de rua, da população carcerária, dos (as) subempregados (as), dos (as) milhões de brasileiros(as) que sobrevivem da informalidade. Em defesa dos direitos e das garantias fundamentais formalmente constitucionalizadas!
Diretoria da ADUA – Seção Sindical do ANDES-SN
Biênio 2020-2022
Manaus (AM), 09 de agosto de 2021
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