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Foto do escritorProfessor Seráfico

Ad argumentandum

Mais que uma confissão, um exercício de memória é o que contém o título acima. Foi na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Pará que aprendi o significado da expressão. Uso-a agora, convencido da oportunidade e precisão que ela ostenta, se aplicada a acontecimentos que enxovalham a honra nacional. Reflito sobre a conclusão das autoridades policiais do Paraná, para quem o assassinato do guarda municipal de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda não teve motivação política. Não é demais lembrar de algumas das cenas envolvidas no ataque de um homem armado, revólver à mão e dedo no gatilho, atrás de dar fim à vida de um homem na festa privada com que comemorava a conclusão da primeira metade de um século. Facilmente identificável, a festa do morto prestava homenagem a um dos candidatos à Presidência da República, em ambiente fechado. Como fechada a cabeça do assassino, que após as primeiras provocações afastou-se do local com a mulher e um filho menor, para depois voltar, com a disposição de levar as ameaças antes proferidas às últimas consequências. Apesar das tentativas da viúva do guarda municipal, também tesoureiro do Partido dos Trabalhadores na cidade paranaense, foi baldado seu esforçou para evitar a tragédia. A apressada conclusão da polícia estadual, todavia, não pode ser admitida como prova de eficiência, tão divergente das cenas repetidamente projetadas nos televisores de todos os lares brasileiros. Atesta, sim, quanto as instituições se veem constrangidas, impedidas de bem exercer as funções para as quais a própria sociedade as paga. Argumente-se - e aqui aplico o conceito que o título sugere - que não se trata mesmo de crime motivado por interesse político. Qual terá sido o interesse do matador, que antes passou pela porta do estabelecimento onde cerca de quinze pessoas festejavam os 50 anos de Marcelo Arruda? Gritou ofensivamente contra os convidados e expressou suas preferências políticas, para que todos as ouvissem. Quando lhe foi mostrada a credencial da mulher do seu desafeto político, policial como ele, qual sua conduta? Ignorou-a pura e simplesmente e avançou em direção ao salão onde as comemorações eram realizadas. Não tivesse recebido a resposta de sua vítima já caída ao chão, teria matado mais das outras pessoas que estavam juntas. Talvez tenhamos que ponderar: se os iguais a Jorge Guaranho acham não ter havido crime político, a despeito de todas as evidências que a delegada paranaense não admite, o matador terá cometido crimes ainda mais graves. E deve agradecer ter sido alvejado antes de inscrever-se no rol dos serial killers que os Estados Unidos da América do Norte inventaram e exportam para o Mundo. É preciso pôr armas em mais - e más - mãos. O lucro será maior. Argumentem os que tiverem argumentos. Disparem os que não os têm.

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