A poeta mineira Adélia Prado, 88 anos, ganhou os dois mais importantes prêmios da literatura em língua portuguesa. Vai embolsar, com muito merecimento, cerca de R$ 600 mil. Antes dela, Chico Buarque de Holanda, Lygia Fagundes Telles, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral de Melo Netto ganharam o Camões. Sem publicar h 10 anos, Adélia promete para o segundo semestre um novo livro. Dentre outros, ela escreveu Bagagem (1975) e O coração disparado (1978). Um poema dela, como aperitivo.
A formalística
O poeta cerebral tomou café sem açúcar
e foi pro gabinete concentrar-se.
Seu lápis é um bisturi que ele afia na pedra,
na pedra calcinada das palavras,
imagem que elegeu porque ama a dificuldade,
o efeito respeitoso que produz
seu trato com o dicionário.
Faz três horas que já estuma as musas.
O dia arde. Seu prepúcio coça.
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