A aliança do PSDB e o MDB espicaça a memória dos que a têm boa e aprendem durante tida a vida. Nas minhas lembranças ainda está a razão (ou mero pretexto?) apresentada pelos mais destacados dos criadores do partido pretensamente social-democrata: a necessidade de afastar-se das práticas de que Orestes Quércia acabou por tornar-se símbolo. Se ele era mais merecedor que seus correligionários dessa má fama, não tenho condições de confirmar. Sei, porém, que Franco Montoro, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e Bresser Pereira não se sentiam bem no mesmo partido que preferia Quércia a Ulysses. Por isso, geraram a expectativa de que estava próximo o dia em que as práticas corruptas estariam definitivamente riscadas da politica brasileira. A marca de origem do PSDB foi a semente da crescente frustração dos que creram. Essa semente, a hesitação, parece ter-se ausentado, quando Renato Azeredo, um dos tucanos prestigiados, criou a figura do mensalão. As críticas a Orestes Quércia, assim, caíram no vazio. Hoje, registra-se a volta dos autoproclamados socialdemocratas ao antigo ninho. Ao longo do caminho, a prodigalidade do tucanato desperdiçou as esperanças e o fugaz prestígio que um dia ostentou. O fato é que os batedores que procuram a terceira via desviaram sua trajetória. Tarde demais, é o que penso.
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