Para as autoridades do (des)governo, há muitas razões para comemorar. Afinal, se quase 700 mil brasileiros não souberam curar-se de uma gripesinha que mata os maricas cheios de mimimi, não há razão para reivindicar o direito de viver. Quem deseja trabalhar e não o faz, que se torne um empreendedor. Ao invés do emprego, exercitar falsa generosidade sempre será melhor, mesmo que poucos os ossos comprados para matar a fome com caldo ralo. Essas as linhas diretoras que expressam o estilo de (indi)gestão pública, nos tempos das fake-news. Enquanto cresce o número de famílias rebaixadas no ranque da fome, as elites no poder ou nele representadas tentam desmentir a realidade que as ruas escancaram. Conduta absolutamente coerente, se comparada à que prevaleceu quando mais aguda era a letalidade da covid-19. Josué de Castro, em meados do século passado, advertia os governantes sobre os riscos ligados à fome de grande parcela da população. Frase curta, mas de grande impacto retratava a situação: no Brasil é enorme a multidão insone, porque faminta. A minoria também guarda vigília, com medo dos que têm fome. Só uma circunstância difere do passado: as armas são apresentadas como substitutas do argumento. A fome sendo cultuada no oratório dos egoístas.
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