Dos mais conhecidos, o discurso com que Getúlio Vargas se despediu - do governo e da vida - marcou os que viviam em 1954 pela frase "deixo a vida para entrar na História". O fazendeiro e caudilho gaúcho mostrou enorme diferença em relação aos pretensos líderes destes tempos tão travosos e trevosos que vivemos. Ao longo do período que vem desde 25 de agosto daquele ano, outros políticos tiveram a oportunidade de escolher a porta por onde sairiam. Nenhum deles, porém, desembocando no espaço errado. Jânio, soube-se depois, escolheu Londres, onde se diz ter gastado a fortuna que sua honorabilidade discutível permitiu amealhar. Depois de Juscelino não ter tido a oportunidade da escolha. Matou-o um acidente até hoje por ser explicado. Nem por isso é desconfortável para sua memória o sentimento que ficou. Ele lutava então pela redemocratização do País. Mais tarde, alcançado o objetivo inicial da luta de que haviam participado outros (Lacerda mesmo, Brizola, Ulysses Guimarães dentre eles), João Batista de Figueiredo saiu pela porta dos fundos. Antes do último dos autocratas levado ao poder, Ernesto Geisel se fez respeitado mais pelo cenho sempre cerrado que pela excelsitude de seus pensamentos e sentimentos. Adversário da tortura, segundo dizia, admitia-a, quando necessário. Uma espécie de tortura seletiva. Isso é mais destacado nos anais da História que o esforço por promover investimentos pesados em setores estratégicos, hoje absolutamente olvidados. Sobretudo pelos que o têm por austero em demasia. Discreto, José Sarney entendeu seu papel secundário no processo que a morte de Tancredo Neves interrompeu, e permaneceu discreto. O que ainda resta de energia e discrição ele tem usado para de alguma forma se constatar ter-lhe valido a pena continuar vivo. Outros, mais novos, se foram antes dele, sem chegar à imortalidade que a Academia Brasileira de Letras lhe confere. É o caso, por exemplo do autor de "Terra Encharcada", que muitos pensam tratar-se de autobiografia, não pelos protagonistas da trama, mas pela configuração do local em que se passa - o charco. Porque Jarbas Passarinho é mais conhecido por outra frase, em nada parecida com a proferida por Getúlio. "Às favas os escrúpulos" disse o condestável do golpe de 1964, ao votar favoravelmente ao ato inaugural do período mais terrível do autoritarismo brasileiro, o AI-5, que meu advogado Alarico Barata chamava Ato Prostitucional. Estamos prestes a ver outra saída, cuja porta parece abrir-se para a cloaca que Lívio tão bem descreveu. Cada qual tem suas escolhas. Convenhamos, sempre correspondendo ao ambiente em que se acostumaram a viver. Lá onde a convivência lhes era mais fácil, agradável e gratificante.
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