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A CLASSE MÉDIA NÃO VAI AO PARAÍSO



Transito entre pessoas da minha classe e da classe média. Reconheço de longe a simplicidade de um trabalhador, que ao amanhecer, com mochila nas costas, caminha ao ponto do ônibus e fala com seu colega sobre coisas do trabalho.

Já o povo da classe média é uma incógnita, não tem identidade, sopra como uma folha ao vento. Fica o tempo todo tentando descobrir o que o rico faz e gosta para fazer o mesmo.

Economiza o salário ou ganhos para tirar foto com vinho caro na mão, viajar para Miami, comprar quinquilharias e roupas de grifes falsificadas. Coar café num coador de pano ? Nem pensar (não sabe o que está perdendo).

A dona classe média põe um salto alto e sai toda desengonçada, se equilibrando como um chimpanzé. O terno do varão é de marca, muito caro, e vai passar um tempão pagando.

O problema da classe média é essa falta de identidade de classe: não é rico e odeia suas origens pobres. Juntando tudo, o indivíduo de classe média é um pobre de espírito. O vinho, o salto, o terno não o transformam em gente fina, requintada; só o ridiculariza.

E o trabalhador continua esperando o ônibus que atrasou.

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Lúcio Carril

Sociólogo

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