(Para Thiago de Melo)
Pôs-se o poeta
em contemplação
os olhos cansados
de tanto ver
injustiça
violência
hipocrisia
desesperança
Os ouvidos cheios
dos gritos
torturados
do lamento
pranto dos ofendidos
da prece interrompida
da palavra presa
à garganta
A pele trazendo
a marca inscrita
nos escuros porões
dos tempos
as mãos ásperas
e seu desenho
carregam o peso
da caneta
que do amor ao próximo
se fez serviçal
Trôpegos
os passos alcançam
distância reservada
aos que fazem
da compaixão
seu roteiro
do amor
sua cartilha
Lucidez
posta em verso
e canto mesmo
– sobretudo
quando faz escuro.
Manaus, 06-01-2020
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* Poema integrante do livro VELEIDADES POÉTICAS (Editora Scortecci, São Paulo-SP, 2021), p.56.
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