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Morte na rua

Moisës Kadagambe

verso mais que nome

faz-se símbolo

ao reverso

sob o peso

de mãos infames


Congoleante

fragilizado

posto ao solo

o homem sente-se

fraco sem

norte

impossível entender

qual sentimento

o terá levado

à mais cruel

forma de morte


Assassinado

ali estava mais

um negro?

um estrangeiro

pobre refugiado

em busca de abrigo?

Ou apenas um trabalhador

em brusca perseguição

de trabalho e pão...

de um amigo?


Porque logo com eles

sobrevivo graças

ao serviço

nada servil

um dentre tantas

raças

encontrou o cemitério

teve a vida

entregue às traças

na profunda malvadeza

do Brasil


Não era isso

o que ele

procurava

trabalhar fazer amigos

e filhos

terra natal

renascer

distante embora

jamais antecipar

longe de casa

o que seria

sorrateira hora

No copo

espuma sedutora

de cerveja

o corpo no chão

destroçado

mãos dos matadores

força desumana

a espalhar horrores

índole insana

malfazeja

a muitos tenta mas

não mais engana

antes apavora

discrimina


egoísmo violência

impelidos por fúria

assassina

na mente cabedal

de indigência

como se donos

do território da

incúria

senhores

da hora derradeira.

Manaus, 09-02-2022

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