Morre o peixe pela
boca
ao alvorecer ou
à boca da noite
pela boca entra o
alimento
dela saem o vilipêndio
a sentença
a agressão
mesmo o açoite
do canhão
fumegante boca
parte o projétil
expressão
fatalidade terrível
em fúria louca
palavra que maltrata
censura às vezes
indizível
aturde e destrata
espanca
desacata
esperança se esvai
também é da boca
que o projétil
sai
guardemos
nossas bocas enquanto
limpas
longe delas vitupério
sons insanos
todo ódio qualquer ira
afastemo-las do impropério
infensas e imunes
a toda mentira
como a voz
dos cemitérios
não a sujemos
por dizerem ou terem dito
sábio sendo ou ignaro
o que o diz
inspiração vinda de baixo
ou de cima
renunciemos à palavra
que venha da mais suja
rima
Manaus, 19.11.2021
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