Há guerra por
toda parte
todos fingem
não a ver
onde o homem lança
a vista
a nulidade a lama
da morte
repete e marca
remarca
o que era
para ser inteira
felicidade
cegueira voluntária
ignora tudo
quanto
não se diz
por números e cifrões
sentimentos
sonhos afetos
amores desejos
desamores até
desilusões
afundam na lama
da indiferença
da ganância do egoísmo
quando não
genuína perversidade
mata-se pela cor
da pele
ou desagrada o modo
de ser
a intolerância vem
de bolsas e bolsos
não-saciados
a moça que sorria
no aniversário
era só felicidade
pensava saudada pelo foguete
uma bala cobriu a festa
de saudade
o garoto compraria
o pão como sempre
mal o sol nascia
já não precisa de pão
ignorava que aquele era
o seu dia
corpo inerte
não precisar mais
de pão...
o casal jurava-se
prometia-se para sempre
reciprocidade do bom amor
em saber que o sempre
para ambos
tinha chegado
o endinheirado que
não pode perder
um só segundo
(tempo é dinheiro, meu senhor)
nega o mundo
enquanto a criança
no caminho da escola
o índio estertora
é o benefício que os
brancos lhe oferecem
pouco é eliminar
os diferentes
há tantos negros a devolver
à escravidão
igualmente condenados
outros há
chegando aos números
tanto e tanto alvejados
quem sabe
almejados.
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