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Guerra e cegueira

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Há guerra por

toda parte

todos fingem

não a ver

onde o homem lança

a vista

a nulidade a lama

da morte

repete e marca


remarca

o que era

para ser inteira

felicidade

cegueira voluntária

ignora tudo

quanto

não se diz

por números e cifrões


sentimentos

sonhos afetos

amores desejos

desamores até

desilusões

afundam na lama

da indiferença

da ganância do egoísmo

quando não

genuína perversidade


mata-se pela cor

da pele

ou desagrada o modo

de ser

a intolerância vem

de bolsas e bolsos

não-saciados


a moça que sorria

no aniversário

era só felicidade

pensava saudada pelo foguete

uma bala cobriu a festa

de saudade

o garoto compraria

o pão como sempre

mal o sol nascia

já não precisa de pão

ignorava que aquele era

o seu dia

corpo inerte

não precisar mais

de pão...


o casal jurava-se

prometia-se para sempre

reciprocidade do bom amor

em saber que o sempre

para ambos

tinha chegado


o endinheirado que

não pode perder

um só segundo

(tempo é dinheiro, meu senhor)

nega o mundo

enquanto a criança

no caminho da escola

o índio estertora

é o benefício que os

brancos lhe oferecem


pouco é eliminar

os diferentes

há tantos negros a devolver

à escravidão

igualmente condenados

outros há

chegando aos números

tanto e tanto alvejados

quem sabe

almejados.


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