Poetas preferem ouvir
estrelas
reis fossem
qualidades mágicas à
flor da pele
fariam de Aldebaran
Orion Rígel
suas guias
à manjedoura chegaram
mirra ouro incenso
generosa doação depositaram
esquecido ou ignorado
eventual dissenso
sem desdouro ou birra
é o fato a que nenhum
mais admira
Sabia-se nada
de um vírus coroado
coroa sem espinhos
cingido círculo
só aos tolos seduz
destino certo – a cova
mesmo sem que haja
única ou múltipla
se mostre a cruz
A estrela deixa de ser guia
nascimento invertido em
partida
cede lugar ao aplaudir
da morte
em meio à dor
generalizada perda
desloca o eixo
faz da Terra
desterrada
põe acima do equador
mistura tudo
setentrionando o Sul
meridionando o Norte
Não é mais a
audiência pretendida
nem são suaves os passos
das sandálias
havia rosas onde hoje
os cravos medram
genuflexão
paga triste reverência
à intenção
nem estimulam os camelos
reais esporeados
interessados na chegada
alvissareira
ao sagrado estábulo
olhos voltados para a
submissão da obediência
trágica mentira
tornada verdadeira.
Manaus, 27-02-2021
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