Lavemos todos as mãos
sacrifiquemos o convívio
que nos faz humanos
guardemos abraços
afagos apertos de mão
carinhos
sem os quais
não seremos
senão animais ...
às vezes nem tanto
pássaros distantes
do seu próprio ninho
Passemos contudo
à distância da pia
lavatório usado por
Pilatos
respeitemos a cruz
adrede erguida
multiplicada sem monte que as acolha
esqueçamos se plausível
ou agradável
afinal se trata simplesmente
de uma escolha
a registrar em história impossível
mesmo que seja sua
última folha
daquele um dia feito governador
de Roma
trágico romance
de tragédia e ódio recheado
caverna de onde flui
macabro aroma
Lavemos as mãos
pode ser que o gesto
a gente acalma
não é certo porém
que o fazendo
se veja limpa e lavada
mais que boca e mão
sempre armadas
também limpa estará
a alma.
Manaus, 04/02/2021
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