Ah, não fosse dado ao homem
viver tanto...
se não tivesse olhar atento
sempre pronto
não veria desfilar diante
de seus olhos
quanta coisa a doer na alma
ferir o corpo machucá-lo
dispensável pranto
enquanto ensina orienta
inspira aperfeiçoa
de tal sorte o homem assiste
deserto de ideias
campos fartos de amargura
onde é raro encontrar a fruta
madura e boa
não obstante a messe e safra
fartas do que
às vezes mata
sempre tortura
não encontraria abertas
grandes portas
por onde transita
infame gado
zombaria às pisadas
nas ruas de repletas
de levas esfomeadas
desesperançadas
para os quadrúpedes
escancaram-se todas as porteiras
em trafegar livre e solto
mar brilhante
sem procelas
isento de tormento
sem ondas perigosas
e horrores
abrem-se também
nos valhacoutos
amplas janelas
por onde penetram
não mais as reses
da boiada
é acesso reservado
aos seus pastores...
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