Não beberei do veneno
que me serves
produto elaborado em
escuros e fétidos porões
gotas de ódio
colher pequena de ressentimentos
remoídos
maço de frustrações
mal digeridas
pitada bem pesada
de sonhos interrompidos
quem sabe até
desfeitos
boa dose de remorsos
destemperados
folhinhas de inveja
no fundo da taça
ao gosto de
quem o fez ou
quem o faça
Não passará
pela garganta seca
da qual já quase
o grito não escapa
mortífera mezinha
e amarga
vibração de cordas
assaz
silenciadas
O vômito
resistência muda
não cairá sobre
teu corpo
conspurcar-se sujar-se
não é preciso
Também
tua cara não receberá
o pus das minhas
vísceras
no escarro
para limpar
a fealdade
ostentada dentro e fora
transparente nos olhos
cavos e sem brilho
da morte
transmitida em poções
em suas malditas
proporções.
Meus paióis
inexistentes
não têm armas
no coração falta espaço
para o ódio
quando muito
na estante a indiferença
indisponível
sem uso
na cena
recorrente
Daí minha resposta
somente
vir da
pena.