Olhares convergentes
não se cruzam na rua da
periferia
dirigem-se ao bailarino
improvisado
a necessidade de sobreviver
empurra o sangue
por artérias e veias
entumescidas
braços e pernas
movimentos desconexos
desconjuntados
Carlitos relembrado no
negro traje
a que não falta
luminosidade
ornamentos prateados
luar talvez o sol
cada dia mais escasso
como a generosidade
periférica
em trânsito apressado
de ruas malcuidadas
buracos também
na vida atribulada
como no palco
de asfalto
dois reais gratificam
irreal realidade
talvez preâmbulo
do assalto
ao bailarino de rua
a cada mal e desconjuntado
salto
vida na via exposta
sempre assaltada
nua e crua.
Manaus, 31-03-2022.
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