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Voto impresso, inimizade expressa


Duas hipóteses são as mais plausíveis para explicar a defesa do voto impresso. Nenhuma delas compatível com o sistema democrático, ambas fundadas na ignorância ou no autoritarismo. A primeira dessas razões, facilmente identificada como pretexto, revela o desprezo pelo que a História registra. Os que viveram a primeira república ou se dedicaram a estuda-la sabem dos vícios e das limitações legais que afetavam o que deveria ser livre manifestação popular. As gerações posteriores, dos crescidos ou nascidos durante a vigência da Constituição Federal de 1946 testemunharam pessoalmente os processos eleitorais em que o voto impresso vigia. Como esquecer as urnas trocadas, os votos fraudados, os boletins de apuração adulterados, as urnas engravidadas? Não falta registro de qualquer desses fenômenos, agradáveis apenas ais que se sentem agredidos em sua onipotência, rejeitados em seu autoritarismo. Este, denunciado em reiterados gestos e manifestações, usados até nas formas mais ostensivas de chantagem. Neste caso, trazendo luz a conduta mantida durante muito tempo sob formas sutis de iludir a opinião pública. Simplesmente, a mentira opondo-se à transparência dos fatos, enganando os incautos e promovendo a agressão ao Estado democrático de Direito. O que equivale dizer: caracterizando seus promotores, defensores, propagadores e seguidores como inimigos da democracia. Se a defesa do voto impresso de certa maneira rejeita os avanços tecnológicos, a posição dos que o advogam deixa expressa a animosidade contra a democracia.

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