Vivendo (ou morrendo) e aprendendo

Impossível passar ao largo dos acontecimentos, diante da menor insinuação de suas relações. Algumas, próximas e íntimas; remotas e superficiais outras. Para quem tem os olhos abertos à História todo dia, todo minuto, todo segundo produzida, impossível ignorar os fatos. E deles extrair as lições que confirmam ser ela a mestra da vida. O Haiti, a nação mais pobre do continente americano, ingressa em outra fase crítica, não lhe bastasse a trajetória marcada pela violência, tanto quanto pela ousadia. Foi em seu território que se registrou a primeira libertação dos escravos negros. Lá, também, foi onde prosperou a política implantada por François Duvalier e a milícia chamada Tonton-macoutes. A guarda pretoriana dos novos tempos. Agora, e não sem propósito ou sentença de Zeus, o Presidente da República foi assassinado. Não é demais lembrar que a Organização das Nações Unidas tentou, não faz muito tempo, levar a Paz àquele País, ocupado por forças militares sob o comando das tropas brasileiras. Mais tarde, dada como realizada a tarefa, nossos homens voltaram ao Brasil, sob comemorações a que a História certamente não emprestaria tanto prestígio ou relevo. Não, importa, terá sido essa missão na ilha da Centro-América a credencial que justificou a operação pacificadora(?) nas favelas do Rio de Janeiro. Onde o tráfico de drogas não cessou, nem foram evitadas as chacinas de que, de lá para cá, se tem tido conhecimento. Por que a pretensão de levar a Paz onde quer que seja, acaba por frustrar-se? Às vezes, multiplicando as ações criminosas e envolvendo nelas os que se apresentam como paladinos - da Paz e da Lei? Sem afastarmos os preconceitos e parti pris, dificilmente sairemos do caminho que nos leva de volta à caverna.