Chama de velas

O resultado da eleição presidencial da Colômbia pode anunciar os ventos que se aproximam do continente. Gustavo Petro foi eleito, e já cumprimentado por seu opositor, Rodolfo Hernandez. Embora seja prematuro indicar mudança substancial no rumo daquele país, será conveniente considerar que o menos pior sempre é preferido pelos que rejeitam o autoritarismo e defendem a democracia. A presença de Joe Bidden na Presidência dos Estados Unidos da América do Norte ilustra isso. Mesmo seguindo o tradicional modelo belicoso de tratar com outras nações, o democrata não tem como ser pior que seu antecessor. Há que considerar, porém, o que se tem chamado governabilidade. Em nome dela, a busca de apoio para aprovar avanços substanciais no cotidiano das populações acaba reduzindo o alcance das mudanças necessárias. Penso que o caso do Chile tem muito a ensinar. Também lá, o Presidente Gabriel Boric enfrenta dificuldades decorrentes da ação oposicionista. No Chile e na Colômbia, como aqui, as elites não admitem perder um só brilhante dos anéis. Destes e dos dedos, nem falar. Fora do continente, a ascensão de Jean-Luc Mélenchon, ao mesmo tempo em que o crescimento de Marie le Pen na França, forçam Macron a negociar com a Assembleia Nacional. Esses fatos podem não assegurar virada importante, mas mostram não ser impossível conquistá-la. Se não é a luz no fim do túnel, é a chama de velas que podem iluminar o caminho.